A amostragem que mais se aproxima da PNAD é a da Quaest. Ela estima 38% até 2 salários mínimos, contra 40% da PNAD
Nos institutos sérios, a diferença maior das pesquisas eleitorais está na divisão das classes de renda. Como Lula tem grande maioria na faixa até 2 salários mínimos, e Jair Bolsonaro tem melhor desempenho nas faixas de renda maiores, o percentual de cada faixa influi no resultado final.
Há metodologias diversas para estimar essas faixas de renda. O PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) do IBGE estima que 40% da população recebe até 2 salários mínimos, 39% entre 2 e 5 SMs e 22% mais de 5 SMs.
A amostragem que mais se aproxima da PNAD é a da Quaest. Ela estima 38% até 2 SMs, contra 40% do PNAD.
Qual a razão da disparidade dos demais institutos?
Há várias maneiras de levantar os dados. Uma delas – adotada pela Quaest – é a visita domiciliar. Ou seja, define as regiões de acordo com o IBGE e sorteia as casas a serem visitadas.
Outras pesquisas recorrem a telefonemas com pesquisadores ou mesmo com ligações automatizadas.
Mas o modelo a que provavelmente recorrem o IPEC, Datafolha e IPESPE é a pesquisa em pontos de fluxo – praças e outras regiões em que se aglomeram pessoas. Os pesquisadores abordam as pessoas, montam os questionários. Depois, a ponderação é feita em cima do universo pesquisado. Como é mais fácil encontrar pessoas de menor renda nos pontos de fluxo, pode estar ocorrendo uma superestimativa dessa faixa de renda. Os percentuais seriam calculados sobre o universo pesquisado, e não sobre a estrutura nacional de renda.
Digamos que de cada 100 pesquisados, determinada pesquisa consultou 57 da primeira faixa de renda. Digamos que Lula conseguiu 55% nessa primeira faixa.
Se o peso da faixa for 57, a votação do Lula somará 31,4 pontos na soma final, só por conta dessa faixa (0,57 x 0,50).
Se, no entanto, considerar que a faixa representa apenas 40% da população, a contribuição para o resultado final cairá para 22,8 (0,57 x 0,40).
Por outro lado, nos últimos anos houve mudanças expressivas na renda do brasileiro, no aumento do desemprego, no próprio valor do salário mínimo. E um atraso terrível no censo demográfico tornou menos precisos os dados.
Trata-se de uma dúvida que só será esclarecida no dia das eleições.
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LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)