Já mencionei por aqui a frase de um velho e fraterno amigo: “Tem limite para tudo nesta vida, até para saque em caixa eletrônico”.
E repito o que disse antes: Jair Messias e seu governo, o pior da história da República, desmentem essa frase dia sim e o outro também.
Não se trata apenas dos limites impostos pela lógica, pelo raciocínio, pela realidade. Também os determinados pela decência são sumariamente atropelados sem pausa. Vamos a alguns exemplos:
- Eduardo Pazuello, general da ativa no Exército, dá seguidas e reiteradas mostras de uma submissão sem limites às ilimitadas bestialidades proferidas e defendidas por Jair Messias. Para ele, pouco importa escancarar a cada dia sua submissão e, portanto, cumplicidade permanente com o genocídio levado a cabo pelo presidente. A exemplo de seus colegas fardados e empijamados espalhados pelo governo, menos ainda se importa com o fato de estar levando para o depósito de dejetos a imagem que a duríssimas penas as Forças Armadas trataram de reconstruir depois dos anos da ditadura. Recebeu uma missão e trata de cumprir. Ao mesmo tempo, recebe um robusto reforço ao seu soldo de general, graças ao salário de ministro. Uma falta ilimitada de vergonha.
- Outro que desconhece limites atente pelo nome de Ricardo Salles, e ocupa o ministério do Meio-Ambiente. Não satisfeito com apenas ser cúmplice de uma devastação dramática do meio-ambiente, de abrir portas e janelas para grileiros e madeireiros e mineradores que levam a cabo um arrasamento de tudo que encontram pela frente, ele agora resolveu se livrar do Museu do Meio Ambiente instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o mais antigo da América Latina e um dos mais veteranos do mundo. Quer ver ali um “hotel boutique”. Museu é, entre outras coisas, memória. E Salles quer não apenas queimar o meio ambiente, mas apagar a memória, soterrar o conhecimento. E não há ninguém para impor algum limite a ele.
- Outra derrubada de qualquer vestígio de limite: pouco menos de sete milhões de testes de covid-19 estão armazenados num galpão em Guarulhos, estado de São Paulo. O Brasil é um dos países que menos aplicou testes e esses milhões todos correm o risco de perder a validade. Já temos uns 178 mil mortos. Os contaminados são mais de seis milhões e 600 mil. Duas vezes a população do Uruguai. Mais de metade dos habitantes da Bolívia. Doze vezes a população de Lisboa. Mais do que a de Madri. Se os testes armazenados tivessem sido aplicados, quantas mortes teriam sido evitadas? E tem mais: qual o projeto, o programa do governo para aplicar vacinas? Quantas seringas foram encomendadas? Qual o esquema de distribuição país afora?
- Ah, sim, o Brasil – segundo Jair Messias, segundo Hamilton Mourão (outro cúmplice) – não é um país racista. Tudo bem, não é? Então como explicar as mensagens recebidas por Carol Dartora, primeira vereadora negra eleita numa cidade tão radicalmente conservadora como Curitiba? Será que ninguém, absolutamente ninguém, é capaz de impor um limite a isso?
- E o caso de um ex-juiz manipulador e desonesto, que aliás também foi ministro de Jair Messias, um ser chamado Sérgio Moro, que não tem e ninguém põe limites à sua desfaçatez?
- O Ogro que habita o Palácio da Alvorada se orgulha ao afirmar que em seu governo não há corrupção. E as falcatruas do clã presidencial, alguém conseguirá impor algum limite a elas?
A grande questão, no fundo, é outra: quando é que algo, alguém, vai conseguir impor limite à devastação, à destruição que está sendo levada a cabo neste país cada vez mais desgraçado?
ERIC NEPOMUCENO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)