BOLSONARO, O PAI DO POVO

CHARGE DE MIGUEL PAIVA

O populismo é, antes de tudo, um estilo.

Uma definição mínima e convergente desse estilo de fazer política é a de que ele enaltece “o povo” e sataniza “as elites”.

Por “povo”, entenda-se a parte da sociedade que é favorável ao líder populista.

Por “elite”, também chamada de “establishment”, entendam-se as instituições que podem ser responsabilizadas por “atrapalhar” ou “boicotar” os esforços do líder populista em prol do bem do povo.

Entre os mandamentos da cartilha populista, incluem-se:

  • a tomada de decisões com base na emoção sobre a razão
  • impulsos autoritários mal-disfarçados
  • a eliminação das contradições, paradoxos e ambiguidades (para os populistas, tudo é certeza, tanto mais se essa certeza carregar graus variados de conspiracionismo)
  • a convicção de que há sempre uma solução simples para problemas complexos (vai uma cloroquina aí?)
  • um fraco pelo vale-tudo fiscal ( um líder populista não vê problemas em gastar como se não houvesse amanhã, desde que esse gasto se reverta para ele em dividendos populares)

Em abril, o ex-capitão deu uma piscadela em público para o nacional desenvolvimentismo com o Plano Pró-Brasil, abortado diante do esperneio de Paulo Guedes.

Agora, o ex-desenvolvimentista, ex-nativista e ex-protecionista auto-declarado convertido à cartilha liberal enfrentará seu maior teste.

Crises, concordam cientistas políticos, produzem medo e frustração.

Guerras, depressões econômicas e, claro, pandemias aprofundam as divisões políticas e facilitam a união e mobilização do “povo” contra o “establishment”.

São terreno fértil para o desabrochar de líderes populistas.

Falta bem pouco para Bolsonaro ticar o último item do seu check-list.

THAÍS OYAMA ” SITE DO UOL” ( BRASIL)

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