O populismo é, antes de tudo, um estilo.
Uma definição mínima e convergente desse estilo de fazer política é a de que ele enaltece “o povo” e sataniza “as elites”.
Por “povo”, entenda-se a parte da sociedade que é favorável ao líder populista.
Por “elite”, também chamada de “establishment”, entendam-se as instituições que podem ser responsabilizadas por “atrapalhar” ou “boicotar” os esforços do líder populista em prol do bem do povo.
Entre os mandamentos da cartilha populista, incluem-se:
- a tomada de decisões com base na emoção sobre a razão
- impulsos autoritários mal-disfarçados
- a eliminação das contradições, paradoxos e ambiguidades (para os populistas, tudo é certeza, tanto mais se essa certeza carregar graus variados de conspiracionismo)
- a convicção de que há sempre uma solução simples para problemas complexos (vai uma cloroquina aí?)
- um fraco pelo vale-tudo fiscal ( um líder populista não vê problemas em gastar como se não houvesse amanhã, desde que esse gasto se reverta para ele em dividendos populares)
Em abril, o ex-capitão deu uma piscadela em público para o nacional desenvolvimentismo com o Plano Pró-Brasil, abortado diante do esperneio de Paulo Guedes.
Agora, o ex-desenvolvimentista, ex-nativista e ex-protecionista auto-declarado convertido à cartilha liberal enfrentará seu maior teste.
Crises, concordam cientistas políticos, produzem medo e frustração.
Guerras, depressões econômicas e, claro, pandemias aprofundam as divisões políticas e facilitam a união e mobilização do “povo” contra o “establishment”.
São terreno fértil para o desabrochar de líderes populistas.
Falta bem pouco para Bolsonaro ticar o último item do seu check-list.
THAÍS OYAMA ” SITE DO UOL” ( BRASIL)