O MOTIM NA BARCA DO MDB

Depois de mais de 20 anos comandando o partido, Sarney, Renan, Temer e Cia estão sendo questionados por diretórios de cinco estados. Eles querem mudança na cúpula do partido e maior afinidade com os ideais de Ulysses Guimarães

Há mais de 20 anos que o MDB nacional, mesmo sem eleger um presidente da República diretamente, vem comandando a política nacional. Sempre se alternando entre as presidências da Câmara e do Senado – ou exercendo as duas simultaneamente – o partido foi o grande fiador dos governos que se sucederam, garantindo a chamada “governabilidade”.

A prisão de nomes da cúpula do partido como Eduardo Cunha, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima, somada às derrotas de Romero Jucá e Eunício Oliveira nas eleições do ano passado, fizeram o partido acender a luz amarela em relação ao futuro.

A luz vermelha acendeu logo em seguida, com a acachapante derrota de Renan Calheiros para o até então desconhecido Davi Alcolumbre, na disputa para presidência do Senado.

A insistência de Renan em manter a candidatura fez com que o partido perdesse ainda mais espaço no Legislativo, mas também fez crescer o desejo por mudança na imagem do MDB, associada à corrupção.

A senadora Simone Tebet, embora tenha perdido a indicação na bancada na disputa com o alagoano, tornou-se o símbolo dessa mudança e vem sendo instada por alguns colegas a entrar na disputa pela presidência da Executiva Nacional do MDB, que será eleita em setembro.

Simone garante que não quer porque já deu sua contribuição ao enfrentar Renan na bancada. Mas disse que vai lutar para que o MDB volte as suas origens apresentando mais afinidade com os ideais defendidos por Ulysses Guimarães. “Temos que resgatar nossa história e os emedebistas históricos”, afirma.

O movimento que tentar expurgar do comando do partido o grupo liderado por José Sarney, Renan Calheiros, Michel Temer e Cia começou há poucos dias por Santa Catarina, que tem 10% dos delegados do partido. O senador Dário Berger e o deputado Celso Maldaner, encabeçam o movimento e buscam apoio de outros estados para compor uma chapa com chances de derrotar a cúpula atual.

Por enquanto garantiram o apoio dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. Com a recusa de Simone Tebet, o nome apontado como possível candidato é o do ex-governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori. Mas até setembro muita coisa pode mudar. Afinal, a expectativa é de que outros estados se juntem ao movimento.

Os emedebistas contrários a atual cúpula do partido, temem que o partido desidrate ainda mais nas eleições de 2020 por causa da vinculação de vários líderes do MDB com as investigações da Lava Jato.

Por enquanto a atual cúpula do MDB ainda conta com o apoio da maioria dos diretórios regionais. Muitos são comandados por nomes ligados aos atuais mandatários, como Hélder Barbalho, no Pará; João Alberto, no Maranhão, José Maranhão, na Paraíba, e o próprio Renan Calheiros em Alagoas.

O certo é que o movimento vem crescendo e a insatisfação com a cúpula também. O motim no navio emedebista está preparado, resta saber quem vai vencer.

IVO VELLOSO ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)

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