A resistência palestina é a nossa resistência. A luta palestina por dignidade, liberdade e independência é a nossa luta. A causa palestina é a nossa causa
Eu fiz esta fala em Blackburn, Inglaterra, durante um evento da campanha do meu amigo Craig Murray – que está concorrendo ao parlamento britânico. Assim como fez George Galloway, que foi eleito para o parlamento recentemente, a questão central da campanha de Craig é o genocídio em Gaza. Ele clama por um cessar-gofo permanente, o estabelecimento de um estado palestino completo e independente e apoia a campanha de boicote, desinvestimento e sanções (BDS) contra o estado de apartheid de Israel.
Transcrição do video: Craig Murray: Boa tarde. Senhoras e senhores, lhes agradeço muito por comparecerem. Eu sou Craig Murray. Esto aqui em Blackburn, como vocês podem saber, enquanto candidato à eleição geral e uma coisa que deixei absolutamente claro é que estou aqui por causa do genocídio em Gaza. É isso que me traz aqui, para colocar esta questão e lutar pela eleição aqui e nós estamos fazendo este enconto aqui hoje; este não é um encontro normal para as eleições e é por isso que está muito focalizado neste assunto, que eu espero que lhes dará muita informação e material para pensar e estou muito orgulhoso de termos dois dos melhores oradores sobre este tema no mundo, duas autoridades mundiais no tema, que vieram aqui para Blackburn.
Hoje eu tive dificuldades para persuadir as pessoas que se encontram aqui de que este não é um encontro via Zoom, ou algo parecido com isso. E eles também vieram de grandes distâncias para estarem aqui. Sem mais, porque eu estarei aqui, como diziam os comediantes, eu estarei aqui a semana toda. Estarei aqui no próximo mês, de modo que vocês terão muitas oportunidades para me ouvir, mas este é um homem que vocês muito raramente ouvem.
Ele é um jornalista vencedor do prêmio Pulitzer, um homem de grande experiência, que acaba de chegar do Egito, onde ele conquistou o maior prêmio do mundo árabe para o jornalismo – e nós estamos muito ansiosos para escutar Chris Hedges.
Chris Hedges: Muito obrigado.
Israel foi envenenado pela psicose da guerra permanente. Ele foi falido moralmente pela santificação da vitimização, a qual ele usa para justificar uma ocupação que é até mais selvagem do que o apartheid da África do Sul. A sua ‘democracia’ – que sempre foi exclusivamente para judeus – foi sequestrada por extremistas que estão empurrando o país na direção do fascismo. Defensores dos direitos humanos, intelectuais e jornalistas – israelenses e palestinas – estão sujeitos à constante vigilância estatal, prisões arbitrárias e campanhas governamentais de difamação. O seu sistema de educação, começando pela escola primária, é uma máquina de indoutrinação para as forças militares. E a ganância e a corrupção da sua venal elite política e econômica criaram vastas disparidades de renda, um espelho da decadência dentro da democracia estadunidense, juntamente com uma cultura de rascismo anti-árabe e anti-negro.
Quando Israel conseguir fazer a dizimação de Gaza – Israel está falando sobre meses de guerra que continuará pelo menos até o fim deste ano – ele estará assinando a sua própria sentença de morte. A sua fachada de civilidade, o seu suposto e alardeado respeito pelo estado de direito e pela democracia, a sua estória mítica sobre as corajosas forças militares israelenses e o milagroso nascimento da nação judaica – o qual é vendido com sucesso às suas audiências ocidentais – restarão em montes de cinzas. O capital social de Israel terá sido gasto. Ele será revelado como o regime feio, repressivo e cheio de ódio do apartheid que ele tem sempre sido, alienando as gerações mais jovens de judeus estadunidenses. O seu patrão, os Estados Unidos, à medida que as novas gerações cheguem ao poder, se distanciará de Israel. O seu apoio popular virá dos sionistas reacionários e dos fascistas cristianizados dos EUA que veem a dominação da terra ancestral bíblica por Israel como o prenúncio da Segunda Vinda [do Messias] e veem a sua subjugação dos árabes como um racismo de parentesco e uma celebração da supremacia branca.
Israel se tornará um sinônimo das suas vítimas, da mesma maneira que os turcos são sinônimos dos armênios, os alemães o são dos namíbios e, mais tarde, os judeus, e os sérvios são dos bósnios. A vida cultural, artística, jornalística e intelectual de Israel será exterminada. Israel será uma nação estagnada na qual os fanáticos religiosos, os intolerantes e os extremistas judeus que tomaram o poder dominarão o discurso público. Israel entrará para o clube dos regimes mais despóticos do planeta.
Os despotismos podem existir por muito tempo depois da sua data de validade. Porém eles são terminais. Você não precisa ser um acadêmico bíblico para ver que a luxúria de Israel por rios de sangue é a antítese dos valores centrais do judaísmo. A cínica militarização do Holocausto, incluindo a rotulação dos palestinos como sendo nazistas, tem pouca eficácia quando você executa um genocídio televisado em tempo real de 2,3 milhões de pessoas presas num campo de concentração.CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
As nações precisam mais do que a força para sobreviverem. Elas precisam de uma mística. Esta mística provê propósito, civilidade e até nobreza para inspirar os cidadãos a se sacrificarem pela nação. A mística oferece esperança para o futuro. Ela provê significado. Ela provê uma identidade nacional.
Quando as místicas implodem, quando elas são expostas como mentiras, um alicerce central do poder do estado colapsa. Eu escrevi reportagens sobre a morte das místicas comunistas em 1989, durante as revoluções na Alemanha Oriental, na Tchecoslováquia e na Romênia. A polícia e os militares decidiram que não havia restado nada mais para defender. A decadência de Israel gerará a mesma lassitude e a mesma apatia. Ele não será capaz de recrutar colaboradores indígenas, como Mahmoud Abbas e a Autoridade Palestina – rejeitados pela maioria dos palestinos – para fazerem as licitações dos colonizadores.CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Tudo o que resta a Israel é a crescente selvageria, incluindo a tortura e a violência letal contra civis desarmados – o que acelera o seu declínio. Esta violência por atacado funciona no curto prazo – como o fez durante a guerra executada pelos franceses na Argélia, na Guerra Suja executada pela ditadura militar argentina, nas ocupações britânicas na Índia, no Egito, no Quênia e na Irlanda do Norte, e nas ocupações estadunidenses no Vietname, no Iraque e no Afeganistão. Porém, a longo prazo, a violência é suicida.
O genocídio em Gaza transformou os combatentes de resistência do Hamas em heróis no Sul Global. Israel pode exterminar a liderança do Hamas. Porém, os assassinatos passados e presentes de dezenas de líderes palestinos pouco ajudou a atenuar a resistência. O genocídio em Gaza produziu uma nova geração de jovens homens e mulhares traumatizados e irados cujas famílias foram assassinadas e cujas comunidades foram obliteradas. Eles estão preparados para substituir os líderes martirizados.
Israel estava em guerra contra si próprio antes de 7 de outubro. Os israelenses estavam protestando para evitar que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu abolisse a independência do judiciário. Os seus intolerantes e fanáticos religiosos que ocupam atualmente o poder montaram um ataque decidido contra o secularismo em Israel. A unidade de Israel é uma união negativa. Ela se sustenta pelo ódio. E mesmo este ódio não é suficiente para evitar que os manifestantes condenem o abandono dos reféns israelenses em Gaza pelo governo de Israel.
O ódio é uma commodity política perigosa. Os “animais humanos” palestinos, quando são erradicados ou subjugados, serão substituídos por apóstatas e traidores judeus. A política do ódio cria uma instabilidade permanente, explorada por aqueles que buscam a destruição da sociedade civil.
Israel já estava muito avançado neste caminho em 7 de outubro, quando ele promulgou uma série de leis discriminatórias contra não-judeus, as quais se assemelham às Leis de Nuremberg que privaram os direitos dos judeus na Alemanha Nazista. A ‘Lei de Aceitação de Comunidades’ [Communities Acceptance Law] permite exclusivamente que as colônias judaicas barrem candidatos à residência tendo como base a “adequação à visão fundamental da comunidade”.
Yeshayahu Leibowitz, a quem Isaiah Berlin chamou de “a consciência de Israel”, advertiu que, se Israel não separasse a religião e o estado e acabasse com a ocupação, geraria um rabinato corrupto que deformaria o judaísmo em um culto fascista.
“O nacionalismo religioso é, para a religião, aquilo que o nacional-socialismo foi para o socialismo”, escreveu Leibowitz, que morreu em 1994. Ele compreendeu que a veneração cega das forças militares após a guerra de 1967, que capturou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, era perigosa. “A nossa situação se deteriorará para chegar a um segundo Vietname, para uma guerra de escalação constante, sem qualquer perspectiva de uma resolução última”, ele advertiu.
Ele previu que “os árabes seriam os trabalhadores e os judeus os administradores, inspetores, autoridade e a polícia – especialmente a polícia secreta. Um estado que domina uma população hostil de 1,5 a 2,0 milhões de estrangeiros teria que se tornar um estado de polícia secreta – com tudo que isso implica para a educação, a liberdade de expressão e as instituições democráticas. A corrupção que caracteriza todos os regimes coloniais também prevaleceria no Estado de Israel. O governo teria que suprimir a insurgência árabe por um lado e adquirir traidores árabes pelo outro. Também há boas razões para se temer que as Forças de Defesa de Israel – que até agora foram um exército do povo -, como resultado de serem transformadas em um exército de ocupação, degenerariam e os seus comandantes de tornariam governadores militares, assemelhando-se aos seus colegas em outras nações.”
Ele escreveu que “Israel não mereceria existir e não valerá a pena de ser preservado.”
Estados colonialistas que duram, incluindo os EUA, exterminam a população nativa através do genocídio e a propagação de novas doenças infecciosas, como a varíola. No ano de 1600, restavam menos de um décimo da população indígena no sul e no centro da América do Norte. Israel não pode matar nesta escala, com cerca de 5,5 milhões de palestinos vivendo sob ocupação e outros nove milhões na diáspora. Eles não podem, como muitos israelenses desejam, eliminar todos eles completamente.
A campanha de terra arrasada em Gaza significa que não haverá uma solução de dois estados. O apartheid e o genocídio definirão a existência dos palestinos. Isso pressagia um longo conflito, o qual, ao final das contas, o Estado Judeu não poderá vencer.
Corram, exigem os israelenses dos palestinos, corram pelas suas vidas. Corra de Rafah da mesma maneira como correram da Cidade de Gaza, da mesma maneira como vocês correram de Jabalia, da mesma maneira como vocês correram de Deir al-Balah, da mesma maneira como correram de Beit Hanoun, da mesma maneira como vocês correram de Bani Suheila, da mesma maneira como vocês correram de Khan Yunis. Corram, senão nós os mataremos. Nós despejaremos bombas GBU-39 sobre os seus acampamentos de barracas e os incendiaremos. Nós espargiremos vocês com balas dos nossos drones equipados com metralhadoras. Nós os aplastaremos com a nossa artilharia e bomas de tanques. Nós os atingiremos com franco-atiradores. Nós dizimaremos as suas barracas, os seus campos de refugiados, as suas cidades e localidades, as suas casas, as suas escolas, os seus hospitais e as suas instalações de purificação de água. Nós faremos chover a morte do céu.
Corram pelas suas vidas. De novo e de novo e de novo. Juntem o pouco que lhes resta. Cobertores. Um par de panelas. Algumas roupas. Nós não nos importamos de quão exaustos você estão, de quanta fome sentem, de quão aterrorizados estão, de quão doentes estão, quão velos ou jovens vocês sejam. Corram. Corra. Corram. E, quando vocês correrem aterrorizados para uma parte de Gaza, nós os faremos darem meia-volta e correrem para outro lugar. Encurralados num labirinto de morte. Para lá e para cá. Para cima e para baixo. De um lado para o outro. Seis. Sete, Oito vezes. Vamos brincar com vocês como se fossem ratos numa armadilha. E depois nós os deportaremos para que jamais possam retornar. Ou nós os mataremos.
Deixem que o mundo denuncie o nosso genocídio. Quem se importa com isso? Os bilhões em ajuda militar fluem sem controle dos nossos aliados estadunidenses. Os caças-bombardeiros. As cargas de artilharia. Os tanques. As bombas. O abastecimento sem fim. Nós matamos crianças às milhares. Nós matamos mulheres e idosos aos milhares. Os doentes e os feridos, morerrão sem remédios nem hospitais. Nós envenenamos a água. Nós cortamos a comida. Nós os fazemos passar fome. Nós criamos este inferno. Nós somos os mestres. A lei. O dever. Um código de conduta. Estes não existem para nós.
Porém, primeiro, nós brincamos com vocês. Nos os humilhamos. Nós os aterririzamos. Nós nos deleitamos com o seu medo. Nós nos divertimos com as suas patéticas tentativas para sobreviver. Você são criaturas. Untermensch [sub-humanos]. Nós alimentamos a nossa luxúria pela dominação. Vejam as nossas postagens nas midias sociais. Elas viralizaram. Uma delas mostra soldados sorrindo em uma casa palestina, com os donos amarrados e vendados ao fundo. Nós saqueamos. Tapetes. Cosméticos. Motocicletas. Jóias. Relógios. Dinheiro. Ouro. Antiguidades. Nós debochamos da vossa miséria. Nós aplaudimos a vossa morte. Nós celebramos a nossa religião, a nossa nação, a nossa identidade, a nossa superioridade – ao negarmos e apagarmos a vossa.
A depravação é moral. A atrocidade é heroísmo. O genocídio é a redenção.
Este é o jogo de terror praticado por Israel em Gaza. Este foi o jogo executado durante a Guerra Suja na Argentina, quando ajunta militar “desapareceu” com 30.000 dos seus próprios cidadãos. Os “desaparecidos” foram sujeitados à tortura – quem não consegue chamar o que está ocorrendo com os palestinos em Gaza de tortura? – e à humilhação antes de serem assassinados. Este foi o mesmo jogo executado pelos centros clandestinos de tortura em El Salvador e no Iraque. Isto foi o caracterizou a guerra na Bósnia nos campos de concentração da Sérvia.
O jornalista israelense Yinon Magal, no show “Hapatriotim” no canal 14 de Israel, fez piada que a linha vermelha de Joe Biden era o assassinato de 30.000 palestinos. O cantor Kobi Peretz perguntou se este era o número de mortos por dia. A audiência irrompeu em aplauso e risos.
Nós sabemos qual é a intenção de Israel. Aniquilar os palestinos da mesma maneira que os EUA aniquilaram os Nativos Americanos, que os australianos aniquilaram os povos originários, que os alemães aniquilaram os Herero na Namíbia, que os turcos aniquilaram os armênios e os nazistas aniquilaram os judeus. Os detalhes específicos são diferentes. A meta é a mesma. Eliminação.
Nós não podemos alegar ignorância.
Mas é mais fácil fazer de conta. Fazer de conta que Israel permitirá a entrada de ajuda humanitária. Fazer de conta que haverá um cessar-fogo permanente. Fazer de conta que os palestinos retornarão às suas casa destruídas em Gaza. Fazer de conta que Gaza será reconstruída – os hospitais, as universidades, as mesquitas, as habitações. Fazer de conta que a Autoridade Palestina administrará Gaza. Fazer de conta que haverá uma solução de dois estados. Fazer de conta que não há um genocídio.
Os alardeados valores democráticos, a moralidade e o respeito aos direitos humanos, alegados por Israel e os Estados Unidos, sempre foram uma mentira. O credo real é isso – nós temos tudo e, se vocês tentarem nos tirá-lo de nós, nós os mataremos. Pessoas de cor, especialmente quando são pobres e vulneráveis, não importam. Nada valem as esperanças, os sonhos, a dignidade e as aspirações por liberdade daqueles que estão fora do império. A dominação global será sustentada através da violência racializada.
Esta mentira – de que o império estadunidense está predicado na democracia e na liberdade – é uma que os palestinos e os povos do Sul Global, bem como nos nativos americanos e os estadunidenses marrons, sem falar naqueles que vivem no Oriente Médio, conhecem há décadas. Mas esta é uma mentira ainda corrente nos EUA e em Israel, uma mentira usada para justificar o injustificável.
Nós não fazemos parar o genocídio de Israel poruqe nós, enquanto estadunidenses, somos Israel, estamos infectados pela mesma supremacia branca e intoxicados pela nossa dominaçao da riqueza e do poder globais para obliterarmos outros com os nossos armamentos avançados.
O mundo que está fora das fortalezas industrializadas do Norte Global está agudamente consciente que o destino dos palestinos é o destino deles. Assim como as mudanças climáticas colocam a sobrevivência em perigo, à medida que os recursos naturais, incluindo acesso à água, diminuem, à medida que a migração em massa torna-se um imperativo para milhões, à medida que a produção agrícola diminui, à medida que as áreas costeiras são inundadas, à medida que proliferam as secas e os incêndios selvagens, à medida que os estados caem, as milícias e os movimentos de resistência se levantam para combater os seus opressores juntos com os seus ócios, o genocídio não será uma anomalia. Esta será a norma. Os vulneráveis e os pobres da Terra, aqueles que Franz Fanon chamou de “os miseráveis da Terra”, serão os próximos palestinos.
Escárnios de todos os tipos foram adicionados às suas mortes”, escreveu o historiador romano Tacitues sobre aqueles que o imperador Nero escolheu para a tortura e a morte. “Cobertos com as peles das bestas, eles eram despedaçados e sucumbiam, ou eram pregados em cruzes, ou eram jogadas nas chamas e queimados, para servirem como uma iluminação a cada noite, quando a luz se extingue”.
O sadismo dos poderosos é a maldição da condição humana. Ela prevalecia na Roma antiga, assim como prevalece, a 200 milhas ao norte de nós, em Gaza.
Nós conhecemos a face moderna de Nero, que iluminou as festas opulentas no seu jardim queimando até a morte cativos amarrados a estacas. Dsso não há dúvidas.
Mas quem eram os convidados de Nero? Quem perambulava nas propriedades do imperador como seres humanos, como em Rafah, e eram queimados visos? Como aqueles convidados podiam ver e, sem dúvida, ouvir tamanho sofrimento horroroso e testemunhar tal tortura terrível e ficarem indiferentes, ou até contentes?
Nada há de escondido sobre este genocídio. Mais de 147 corajosos jornalistas palestinos foram assassinados pelos israelenses porque eles transmitiam as imagens e estórias desta matança para o mundo, martirizados pelo seu povo, por nós.
Somos nós os convidados de Nero.
Os palestinos foram traidos há muito tempo, não somente por nós do norte global, mas pela maioria dos governos do mundo islâmico. Nós ficamos passivos face ao crime dos crimes. A História julgará Israel por este genocídio. Mas ela também nos julgará. Ela perguntará por que não fizemos mais, por que não rompemos todos os acordos, todos os acordos comerciais, todos os acordos, todas as cooperaçoes com o estado de apartheid, por que nós paramos os carregamentos de armas para Israel, por que nós chamamos de volta os nossos embaixadores, por que – mesmo quando o comércio marítimo no Mar Vermelho foi interrompido pelo Iemen – foi estabelecida pela Arábia Saudita e a Jordânia uma rota terrestre alternativa para Israel, por que não fizemos tudo que estava em nosso poder para acabar com a matança. Ela nos condenará por não termos aprendido a lição fundamental do Holocausto, que não que os judeus são as eternas vítimas, mas que, quando você tem a capacidade de parar o genocídio e não o faz, você é culpado.
“O oposto do bem não e o mal”, escreveu Samuel Johnson. “O oposto do bem é a indiferença”.
A resistência palestina é a nossa resistência. A luta palestina por dignidade, liberdade e independência é a nossa luta. A causa palestina é a nossa causa. Eis que, como a História também mostrou, aqueles que foram uma vez os convidados de Nero, logo se tornam as vítimas de Nero.
Grato.
CHRIS HEDGES ” THE CHRIS HEDGES REPORT” ( EUA) / BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)