BOLSONARO DESMORALIZOU COMANDANTES MILITARES

CHARGE DE AROEIRA

“Bolsonaro tem imensa responsabilidade na preservação e até expansão de um comportamento golpista no interior das Forças Armadas”, indica

Documento histórico, com revelações definitivas para o entendimento da conspiração que planejava arrastar o país numa conspiração golpista para impedir a posse de Lula para um terceiro mandato presidencial, as conversas reveladoras entre comandantes do Exército brasileiro em torno de um projeto criminoso até a medula constituem um retrato fundamental de nosso momento político.

Ali se reune um material precioso para historiadores, juristas e filósofos que nos devem um estudo mais ambicioso sobre a formação de nossos militares e sua visão. O mais importante, contudo, é uma lição do aqui e agora.

Diante da constatação, de clareza solar, de que são conversas autênticas, gravadas por serviços de inteligência do próprio governo, cabe tomar duas providências.

Em primeiro lugar, é preciso investigar e processar generais apanhados em flagrante delito quando cometiam um crime previsto no artigo 359-L do Código Penal. Ali, informa-se que é crime “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constituídos”.

Também se define que é um delito a ser punido com cadeia: pena de reclusão de quatro a oito anos, ou até 12 anos, conforme o grau de violência empregada. Outra consequência é política e terá consequencias imediatas.

Os generais foram gravados em conversas que giram em torno de um assunto único: o que fazer diante do projeto golpista articulado por Jair Bolsonaro, em seu esforço para permanecer no Planalto após a derrota no segundo turno para Lula. O tom dos dialogos é severo, com palavras adequadas, de quem sabe que está sendo gravado e não quer ser vítima de tropeços nas palavaras. Nem todas as afirmações são explícitas mas, até onde se sabe, ninguém escondeu o jogo. Embora não se possa adivinhar o que irá acontecer com cada um dos generais envolvidos, que serão chamados a apresentar seus motivos e terão dereito de dar explicações, a principal mensagem do caso já é conhecida e não permite divagações.

Confirma o papel intrinsicamente nocivo de Jair Bolsonaro junto ao conjunto das instituições do país, inclusive as Forças Armadas, que até o fim de seu mandato tratava a pão-de-ló, tentando envolver em aventuras ruinosas — suicidas, na verdade — do ponto de vista das instituições.

Capaz de pressionar as Forças Armadas para se engajar numa empreitada golpista que, sempre soubemos, não conta com apoio da sociedade brasileira e, agora comprovamos, tampouco faz maioria entre os próprios comandantes militares — a proporção é de 2 a 1, onde a Marinha abriga um golpismo radical que ameaça engordar e crescer se for tratado com pão-de-ló e chá da tarde, em vez de investigado e punido como manda a lei.

A grande lição do episódio é essa. Bolsonaro tem imensa responsabilidade na preservação e até expansão de um comportamento golpista no interior das Forças Armadas, e deixará uma herança especialmente nociva para o Brasil e os brasileiros.

Mas é necessário trazer um momento de alegria num momento em que o país merece festejar o desenlace bem sucedido de um episódio agourento, aproveitando este domingo de outono para uma pequena celebração.

Para isso, a sugestão deste blogueiro é ouvir um sucesso de Gilberto Gil, genio do tropicalismo que se tornou alvo permanente da perseguição da ditadura militar que tanta nostalgia provoca em Bolsonaro e seus próximos, fardados ou não.

A música é a genial “Pessoa Nefasta”, e basta cantar as primeiros versos para lavar a alma depois de tanta maldade explícita:

“Tu, pessoa nefasta

Vê se afasta teu mal

Teu astral que se arrasta tão baixo no chão

Tu, pessoa nefasta

Tens a aura da besta

Essa alma bissexta, essa cara de cão.”

PAULO MOREIRA LEITE ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

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