Entre 2019 e 2022, mais de 4 mil pessoas condenadas pela Justiça conseguiram registro de CACs
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As manchetes dos jornais foram tomadas pela revelação do Tribunal de Conta da União, que descobriu que, durante os quatros anos do governo de Jair Bolsonaro (PL), o Exército concedeu a condenados por homicídio, tráfico de drogas e foragidos da polícia, registros de caçadores, atiradores e colecionadores de armas (CAC).
A suspeita é que muitas das armas de fogo obtidas por meio dessas licenças podem ter parado nas mãos do crime organizado.
O relatório, obtido pelo Estadão, aponta que entre 2019 e 2022, 4.104 pessoas condenadas pela Justiça conseguiram, renovaram ou mantiveram registro de CACs, sendo essas:
- 180 pessoas condenadas por homicídio;
- 324 condenados por tráfico de drogas;
- 124 condenados por homicídio culposo no trânsito;
- 322 condenados por lesão corporal e violência doméstica;
- 29 condenados por crimes contra mulheres na Lei Maria da Penha;
- Além de 2.690 pessoas que estavam com mandado de prisão em aberto, ou seja, foragidas da Justiça.
O TCU apontou uma série de fragilidades no controle de armas de fogo e de munições sob responsabilidade do Exército. Mas, segundo os técnicos, o cenário se agravou em meio às flexibilizações das normas sobre o tema pelo governo Bolsonaro, que desobrigou, por exemplo, em 2019 a apresentação de certidão de antecedentes criminais ao local de residência atual de quem solicita o registro de CAC.
No programa TVGGN 20h, exibido nesta segunda-feira (4), o tema o foi abordado pelo jornalista Luís Nassif, durante entrevista com o historiador e autor do livro “O que fazer com o militar?” (2023), Manuel Domingos Neto, que classificou a ação como “vexaminosa”. [Assista abaixo]
“A medida em que a sociedade toma conhecimento de que o próprio Exército facilitou a vida do crime organizado, facilitou a insegurança pública, isso é um ponto de desmoralização. Esse é um ponto vexaminoso, porque a segurança pública é um dos grandes dramas nacionais e a medida em que essa cortina cai… fica mais vexaminoso”, avalia o estudioso.
Durante o bate-papo, Domingos ainda abordou como a responsabilização de militares ainda é um desafio e “institucionalmente limitada“. Assista a entrevista na íntegra a partir dos 33 minutos e 44 segundos:
ANA GABRIELA SALES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.