MÍDIA ENTREGUISTA ABRE TEMPORADA DE CAÇA A MERCADANTE. O MOTIVO: RETOMADA DA INDÚSTRIA NAVAL

CHARGE DE LEO VILLANOVA

De tempos em tempos, a imprensa sediada no Brasil, mas que serve a interesses internacionais, lança campanhas contra o desenvolvimento da economia nacional. A campanha mais notória – e também mais sórdida – foi a que se deu contra a Petrobras e a produção de petróleo no Brasil. Até hoje é possível encontrar nos mecanismos de busca da internet editoriais de jornais da imprensa comercial e textos de seus colunistas afirmando que o pré-sal seria uma ficção. Algo que jamais se tornaria realidade. No entanto, graças à competência dos geólogos, engenheiros e petroleiros brasileiros, o Brasil já é um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo. É também uma potência do comércio internacional, com um superávit comercial de quase US$ 100 bilhões no ano passado.

Como já não é mais possível atacar a capacidade brasileira no setor de óleo e gás, a tentativa dessa mesma imprensa foi bloquear o desenvolvimento da Petrobras, impedindo investimentos em refinarias e na indústria naval. Depois do golpe de 2016, o projeto era transformar a empresa numa grande pagadora de dividendos ao capital financeiro nacional e internacional, com uma política de preços que era claramente abusiva, inflacionária e impeditiva do desenvolvimento nacional.

Com a volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República, o Brasil foi retomando os caminhos do seu desenvolvimento e uma das provas disso foi o fato de a Petrobrás alcançar seu maior valor de mercado, na semana passada, com uma capitalização de mais de R$ 550 bilhões. A gestão atual, conduzida por Jean Paul Prates, demonstrou que, com uma política de preços mais equilibrada e mais investimentos, a empresa se tornaria mais valiosa para investidores que têm visão de longo prazo.

A retomada do desenvolvimento, naturalmente, deveria ser celebrada pela imprensa brasileira. Mas não é bem assim que as coisas funcionam no Brasil. E não há nada que assuste tanto a mídia lesa-pátria quanto a possibilidade de que o Brasil possa voltar a produzir navios. Por isso mesmo, os porta-vozes do atraso abriram a temporada de caça ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que ousou defender o óbvio: a necessidade de que o Brasil, com um dos maiores litorais do mundo, uma importante navegação de cabotagem, um comércio internacional gigantesco, e capacidade técnica e empresarial, volte a produzir navios.

Um dos primeiros a atacar a retomada da indústria naval foi Elio Gaspari, colunista do Globo e da Folha, no artigo Mercadante quer 4º polo naval após três anteriores terem naufragado. No dia de hoje, foi a vez da Folha, em seu editorial Barca Furada, atacar diretamente Mercadante. Os dois textos batem na mesma cantilena de sempre: os recursos seriam escassos, o Brasil não teria capacidade etcetera, etcetera e tal. O mesmo que foi dito, no passado, sobre o próprio pré-sal.

Alguns anos atrás, eu tive a oportunidade de visitar a cidade de Ulsan, na Coreia do Sul, que rapidamente se transformou numa das maiores cidades industriais do mundo, a partir da produção de navios pela Hyundai. Hoje, há também grandes estaleiros na China e em Cingapura. Mas não há nada que me convença que o Brasil não possa se tornar competitivo na produção de navios, como ocorreu no setor de óleo e gás e na construção pesada. O Brasil tem conhecimento técnico, tem ciência e tecnologia e tem demanda, que pode partir de grandes empresas exportadoras, como Vale e Petrobras

Sobre o projeto atual de retomada do setor naval, que se insere no projeto Nova Indústria Brasil, procurei o alvo prioritário dessa campanha difamatória contra o desenvolvimento nacional: o BNDES. E duvido que o mesmo tenha sido feito pelos veículos de comunicação que atacam os projetos. O primeiro ponto, que deve ser destacado, é o fato de o anúncio feito por Mercadante dizer respeito ao uso do Fundo da Marinha Mercante, que foi criado em 1958 e possui recursos exclusivos da economia do mar, operado com taxas de mercado. Trata-se de um fundo financeiro cujos recursos são oriundos da economia do mar para uso na construção naval e em reparo de equipamentos, sem qualquer tipo de subsídio. Em 2022, o BNDES, que é um dos gestores do Fundo, aprovou empréstimos de R$ 670 milhões. Em 2023, de R$ 1 bilhão. A projeção do BNDES, obviamente condicionada à apresentação de bons projetos, é de que em 2024 sejam aprovados R$ 2 bilhões.

Outro aspecto que tem sido destacado por Mercadante, como ele fez em recente entrevista à TV 247, é o desafio relacionado à descarbonização da frota, em razão de decisão da Organização Marítima Internacional de taxar em no mínimo US$ 50 por tonelada de carga a partir de 2030 para os navios que não forem movidos a combustível renovável. No caso do brasileiro, 95% das exportações são feitas por navio. Com a taxa de US$ 50 por tonelada, o custo da soja, que é de US$ 327 por tonelada, aumentaria cerca de 15%, provocando um grave impacto na competitividade dos produtos brasileiros

Por isso mesmo, Mercadante tem argumentado que, assim como no caso da aviação, a transição energética na indústria naval já está contratada. Ou o Brasil terá que comprar novos navios produzidos pelos países asiáticos ou poderá aproveitar essa janela de oportunidade para liderar o processo de reindustrialização no setor naval, levando em conta a grande expertise do País na produção de combustíveis renováveis. Assim como o Brasil provou ser capaz de se tornar uma das grandes potências petrolíferas do mundo, derrotando todas as vozes do atraso, o mesmo pode acontecer no setor naval. Para conhecer mais sobre o tema, assista recente entrevista concedida por Mercadante à TV 247, a partir do ponto em que ele fala da indústria naval:

LEONARDO ATTUCH ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

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