BRENO RUIZ, UM GÊNIO QUE ATRAVESSOU OS TEMPOS

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Na interpretação, o piano insuperável de Breno, com uma capacidade de usar a mão esquerda que poucas vezes vi em um pianista, e o grande João Camarero no violão.

A primeira vez que ouvi Breno Ruiz, não tive dúvida: estava frente a um dos grandes melodistas brasileiros. Creio que foi em um sarau em casa, há 12 anos.

No início fui abusado. O governo de Minas Gerais me convidou a apresentar-me musicalmente na inauguração de uma casa de Minas Gerais. Tinha composto uma Congada e pedi para o Breno interpretar.

Na época, sabendo melhor de sua história – um jovem interiorano de Itapetininga – escrevi uma crônica dizendo que ele havia vindo diretamente dos anos 20 para os tempos modernos. Era descendente direto da mais bela manifestação cultural brasileira, a canção, que começa com Carlos Gomes e Villa Lobos, nos anos 30 gera Valdemar Henrique, Joubert de Carvalho e outros, até se encerrar com Tom Jobim pré-bossa nova. Aliás, as canções de Jobim com Vinicius, em minha opinião, são as mais belas de seu repertório.

Para minha surpresa, ele já havia sido descoberto por Paulo César Pinheiro. Uns 3 ou 4 grandes músicos que conheci em início de carreira, e me vangloriava de ter sido o primeiro a descobrir seu talento, já tinham sido descobertos por Paulo César e se tornado parceiros.

Breno não parou um minuto de progredir, mesmo vindo de níveis elevadíssimos. 

Sua última obra, “Pequenas Impressões sobre o Caos” é uma obra prima, uma sinfonia. As músicas foram compostas na fase mais trágica da pandemia, com Breno morando em um apartamento que tinha, na frente, os sem-teto abandonado de São Paulo.

O resultado foi uma música forte, impactante que, em alguns momentos, lembra a maior obra-prima da MPB, o “Grande Circo Místico”. E com uma quantidade similar de obras-primas. No caso de “Pequenas Impressões”, as letras foram compostas por Roberto Didio, um poeta que conheceu de perto as agruras da periferia.

Na interpretação, o piano insuperável de Breno, com uma capacidade de usar a mão esquerda que poucas vezes vi em um pianista, e o grande João Camarero no violão.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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