Clã Bolsonaro vê cerco se fechar em torno da denúncia que virá dura e cabal por idealizar e estruturar o financiamento e estimularem atos antidemocráticos
Quando assumiu a responsabilidade sobre o inquérito e as denúncias decorrentes das investigações pelos atos antidemocráticos que tentavam abolir o Estado Democrático no dia 8 de janeiro de 2023, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, elogiou o trabalho que tinha sido feito até ali pelo subprocurador Carlos Frederico Santos e, ato contínuo, solicitou à equipe da PGR que acelerasse os procedimentos que estavam pendentes. O objetivo, já pactuado com o ministro Alexandre de Moraes, é encerrar todos os procedimentos investigatórios até o final de abril – no mais tardar. Isso permitirá que uma denúncia bem roteirizada, fundamentada, alicerçada em provas materiais e delações como a do tenente-coronel Mauro Cid possa ser apresentada ao Supremo Tribunal Federal até agosto.
Já há certeza, entre procuradores e assessores do STF que trabalham no caso, do protagonismo que Jair Bolsonaro terá nessa denúncia. Ele surge, nos esboços prévios, como idealizador, formulador, açulador via redes sociais e aparato público e privado de comunicação, articulador de financiamento e beneficiário final de todas as tentativas violentas de abolição do Estado de Direito tentadas entre 2021 e 2023 no Brasil. O golpe dado (e derrotado) em 8 de janeiro do ano passado foi o ápice dos estratagemas boçais de Bolsonaro, de seu clã e dos bolsonaristas que atuavam a soldo desses empresários sabujos ou apenas por diletantismo.
A operação de busca e apreensão contra o deputado Carlos Jordy, líder do PL na Câmara, é fruto do pedido de aceleração de procedimentos feito por Gonet ao seu pessoal. Jordy, o PL, Jair Bolsonaro e seus filhos sentiram o golpe. A operação desta quinta-feira, contra Ramagem, é fruto do curso natural das águas de rios afluentes que correm na direção do rio maior a fim de rumarem todos para o mar. O inquérito contra Ramagem e outros integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi aberto a fim de apurar espionagens e monitoramentos ilegais efetuados contra políticos, jornalistas e ONGs que se posicionavam na resistência aos arreganhos antidemocráticos de Bolsonaro. O mesmo esquema, dentro da Abin, agiu a favor dos filhos do ex-presidente e de de seus amigos empresários a favor de negócios ou da elaboração de dossiês que os auxiliassem a ganhar dinheiro e processos. Como investigadores, procuradores e policiais federais se comunicam, dialogam e compartilham informações, as duas ações se conectaram: a PGR passou a beber na fonte das espionagem ilegais do ex-chefe da Abin alçado a um mandato de deputado federal, conexões possíveis com os atos antidemocráticos de 2021, 2022 e com o golpe do 8 de janeiro de 2023.
A partir dessa produtiva visão panorâmica de provas, delações e fatos conexos colocados lado a lado numa espécie de “mind map” (mapa mental) do Ministério Público, da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal, os fatos vão se conectando. Os CPFs dos satélites do bolsonarismo vão se ligando aos cargos que ocuparam na passagem de Jair Bolsonaro pela presidência e tudo vai sendo conectado com golpes frustrados ou executados no período. Uma fotografia térmica imaginária tirada desse mapa mental formado pelos fragmentos das investigações e inquéritos que ora se juntam revela: no epicentro de tudo, vermelho como um camarão GG cozido, está Jair Messias Bolsonaro. Outras operações da PF, a pedido da PGR e autorizadas pelo STF virão nos próximos dias. Serão desencadeadas contra ex-ministros, ex-auxiliares e mesmo familiares do ex-presidente que o ajudaram na tentativa de turvar e curvar a Democracia brasileira. Sejam parlamentares, ou não. Os 00, 01, 02, 03 e 04 do seu clã são coadjuvantes, mas, sobrará sal para seus respectivos lombos. O bote final está a caminho, num movimento de pinça, e todos figurarão na denúncia por tentativa de abolição do Estado Demcorático de Direito.
LUIS COSTA PINTO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)