“O Poder Judiciário dos EUA terá a coragem política necessária para barrar Trump com o apoio eleitoral que ele demonstra ter?”, questiona Aquiles Lins
O bilionário extremista republicano Donald Trump está a todo vapor na largada para sua candidatura para presidir novamente os Estados Unidos. No domingo (21), o governador da Flórida, Ron DeSantis, um dos principais oponentes de Trump, retirou sua candidatura à Casa Branca, depois de receber votação abaixo das expectativas na primeira prévia nos estados, realizada em Iowa. DeSantis anunciou apoio a Trump. Do outro lado, o presidente Joe Biden buscará a provável indicação do partido Democrata para sua reeleição, reeditando assim a renhida disputa de 2020.
No calendário das eleições dos Estados Unidos, a chamada Super Terça-feira é o dia crucial das prévias eleitorais, durante o qual 15 estados, incluindo Texas e Califórnia, realizam suas primárias. Ao término desse processo, o candidato que acumular o maior número de delegados conquista a indicação de seu partido. A convenção nacional do partido Republicano está programada para ocorrer de 15 a 18 de julho, em Milwaukee, enquanto a convenção democrata será realizada em Chicago, de 19 a 22 de agosto. As eleições presidenciais nos Estados Unidos estão agendadas para 5 de novembro de 2024.
Pesquisa nacional publicada pelo Wall Street Journal em dezembro mostrou que, numa escolha entre Trump e Biden, 47% dos eleitores registados nos EUA dizem apoiar Trump e 43% votariam em Biden. 10% se declararam indecisos. Segundo a pesquisa, Biden mantém apenas 87% dos apoiadores que tinha em 2020, enquanto Trump mantém o apoio de 94% dos eleitores que o levaram à presidência em 2016. A aprovação de Biden é de 37% entre os eleitores, segundo a pesquisa.
Donald Trump enfrenta acusações em quatro processos distintos: dois relacionados à tentativa de reverter à força sua derrota nas eleições de 2020, um por suposta fraude fiscal e outro por desvio de documentos sigilosos da Casa Branca. Além disso, o extremista republicano é alvo de mais de 30 processos em diversos estados, nos quais pleiteiam sua inelegibilidade com base na 14ª Emenda da Constituição, devido às suas ações após as eleições de 2020. O caso está sob análise pela Suprema Corte, que será responsável por emitir a decisão final. Isso traz um cenário inédito: o republicano pode ser condenado durante a corrida eleitoral, o que geraria uma situação ainda mais confusa do que já é em condições normais. A dúvida que se coloca é se o Poder Judiciário estadunidense terá a coragem política necessária para barrar um líder político com o apoio que Donald Trump está demonstrando ter. Se não pará-lo agora, quem irá pará-lo depois?
Mesmo tendo sofrido diversas interferências em sua soberania e democracia, sob governos do partido Democrata, o Brasil deveria encarar com preocupação esta nova ascensão de Trump. Guardadas as proporções, suas bandeiras são muito semelhantes às da extrema-direita no Brasil, que elegeu Jair Bolsonaro. Um retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos fortaleceria o extremismo brasileiro há apenas dois anos da tentativa malfadada de golpe de estado por aqui, no dia 8 de janeiro.
Além disso, o provável acirramento da situação eleitoral nos Estados Unidos acontece em meio ao franco fortalecimento das relações estratégicas entre Brasil e China. Como noticiou o Brasil 247, a participação de mercado do Brasil cresceu para 70%, enquanto a participação norte-americana diminuiu para 24%, de acordo com cálculos da agência de notícias Reuters. A China está importando mais soja brasileira e menos soja estadunidense. O país presidido por Xi Jinping também anunciou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pretende unir as obras do novo PAC com a nova Rota da Seda, o que deverá impulsionar investimentos estruturais do país, num novo ciclo de geração de postos de trabalho e de desenvolvimento. O Brasil e o mundo devem por as barbas de molho e acompanhar com atenção o que anda acontecendo nas terras do império em decadência.
AQUILES LINS ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)