O JULGAMENTO DE ISRAEL NO TRIBUNAL INTERNACIONAL: A SUSTENTAÇÃO HISTÓRICA DA ÁFRICA DO SUL

O Embaixador da República da África do Sul na Holanda, Vusimuzi Madonsela, à direita, e o Ministro da Justiça e Serviços Correcionais da África do Sul, Ronald Lamola, ao centro, durante a abertura das audiências no Tribunal Internacional de Justiça em Haia, Holanda, quinta-feira. Foto: Patrick Post/Haaretz

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“É o primeiro genocídio da história em que as vítimas transmitem a sua própria destruição em tempo real e esperam em vão”

Termina o primeiro dia de julgamento do Tribunal Internacional de Justiça de Gaza, com o governo da África do Sul denunciando o genocídio de Israel contra o povo palestino, nesta quinta-feira (11).

“O governo de Israel, e não o povo judeu ou os cidadãos israelenses, tem a intenção de destruir os palestinos em Gaza”, acusou a África do Sul, durante a sustentação oral nesta quinta.

Por meio do advogado britânico Vaughan Lowe, o país alegou que “não importa quão monstruoso ou terrível seja um ataque ou provocação, o genocídio nunca é uma resposta permitida”.

A África do Sul também expôs que “não adianta Israel afirmar que faz tudo o que pode para minimizar as mortes de civis”, enquanto “o uso de bombas de 2.000 libras conta outra história”. Durante a guerra, Israel utilizou as bombas mais destrutivas, a MK-84, em áreas denominadas de “segurança” para civis ou em rotas de evacuação.

O advogado também desmentiu que a “caçada humana ao Hamas” não justifica “meses de bombardeios contínuos, cortes de alimentos, água, eletricidade e comunicações para uma população inteira”.

Antes da sustentação de Vaughan Lowe, a premiada advogada irlandesa Blinne Ní Ghrálaigh, também da banca de defesa da África do Sul, afirmou que este “é o primeiro genocídio da história, em que as suas vítimas transmitem a sua própria destruição em tempo real e esperam em vão que o mundo possa fazer alguma coisa”.

Ela disse, também, que as esperanças de sobrevivência dos palestinos “estão depositadas neste mesmo tribunal”.

Foram apresentados dados como o de que 80% da população mundial que passa fome está localizada em Gaza; de que mais de 85% da população de Gaza foi forçada a fugir das suas casas, repetidamente, três, quatro ou cinco vezes; e de que todos os dias 247 palestinos são mortos ou correm risco de morte, 629 ficam feridos e mais de 10 têm uma ou ambas as pernas amputadas.

Ainda no início das sustentações, o país expôs vídeos e declarações, como a do ministro da Defesa, Yoav Gallant, em outubro, que havia dito que se estava lutando “contra animais humanos”: “Não haverá eletricidade, nem comida, nem combustível, tudo está fechado. Estamos lutando contra os animais humanos e agiremos de acordo.”

“A violência reproduzida infligida às mulheres, bebês e crianças palestinas incluiu a imposição de medidas destinadas a formar um padrão calculado de um ato genocida com intenção”, argumentou a África do Sul na acusação.

O primeiro dia de audiências do Tribunal Internacional de Justiça foi encerrado com a exposição da acusação da África do Sul. Nesta sexta (12), Israel deverá apresentar sua resposta na Corte.

PATRICIA FAERMANN ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

Com informações de Haaretz.com

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 8 anos.

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