Mais de 340 cidade no mundo reestatizaram empresas de água após aumentos abusivos de tarifa e restrição do serviço para parcela da população
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Nos últimos 23 anos, 344 municípios em todo o mundo, especialmente na Europa, promoveram a reestatização de sistemas de água e esgoto, depois de uma experiência repetida de aumento de tarifas e restrição do acesso de parte da população aos serviços.
Em Paris, a tarifa da água aumentou 174% após a privatização do serviço, realizado em 1985. Já em Berlim, onde a concessão foi vendida em 2003, o preço final cobrado dos civis saltou 24% entre 2003 e 2006. Em Jacarta, na Indonésia, a população conseguiu anular o contrato de privatização do serviço em 2015. Desde 1997, ano da privatização, a tarifa triplicou.
Apesar das experiências fracassadas em diversas cidades no Brasil e no mundo, o governo de São Paulo, apoiado pelos deputados estaduais, insiste na ultrapassada ideia de entregar a Sabesp à iniciativa privada.
Para Tarcísio de Freitas (Republicanos), a privatização “ajuda a construir um novo futuro” e privatizá-la, processo aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na última quarta-feira (6), foi um ato de coragem de enfrentar os ataques dos que não têm argumentos.
Reversão
Para que cidades como Paris, La Paz, Berlim e Buenos Aires tivessem o serviço reestatizado, a população teve de travar uma série de lutas judiciais ou sociais.
E, apesar da “falta de argumentos” apontada por Tarcísio nas redes sociais, um estudo da TNI mostra que 90% dos sistemas de água do mundo são geridos pelo poder público.
Há anos o GGN mostra que a privatização não é a solução mágica vendida por políticos conservadores, até porque ela não resulta no desenvolvimento social ou mesmo na melhoria significativa dos serviços prestados [confira a matéria na íntegra].
Referência
O GGN também mostrou que a Sabesp já tem planejamento e capital necessários para atingir a universalização dos serviços antes mesmo de 2029, prazo determinado por lei.
Sob a gestão pública, a empresa é referência mundial, oferece excelência no atendimento, é lucrativa e investiu mais de R$ 5 bilhões na rede nos últimos anos, coisa que empresas privatizadas não costumam fazer.
Vale lembrar que o GGN também denunciou que a Enel, concessionária de energia que deixou as regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro no escuro por mais de 48 horas, não investe na renovação da rede como deveria [assista aqui].
Isso porque a privatização à brasileira tende a formar monopólios privados, que impõem uma série de abusos ao consumidor – este último sem ter a quem reclamar ou alternativa de prestador de serviço.
Em vez de universalizar, a privatização da Sabesp tende a restringir o acesso ao serviço. Apenas na cidade de São Paulo, 510 mil famílias de baixa renda pagam R$ 15 pela chamada tarifa vulnerável. “Uma empresa privada jamais manteria um benefício desses”, afirmou José Antonio Faggian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente à TVGGN.
CAMILA BEZERRA ” JORNAL GGN” ( BRASIL)