“O oco no subsolo de Maceió deixado com a exploração irresponsável da Braskem, a ‘dona’ da Sal-gema, sabe-se hoje, é irreparável”, diz Gilvandro Filho
Maceió vive hoje um quase adeus.
A terra de praias lindas e gente de alto astral está afundando na sal-gema, na pasta lamacenta do capitalismo desmedido.
A exploração criminosa e inconsequente do minério usada como matéria prima para PVC e soda cáustica, entre outros produtos de 100ª utilidade, mas altíssimo lucro, foi legalizada e iniciada entre 1976 e 77.
Vivíamos – ou sofríamos, em muitos casos morríamos, noutros desaparecíamos – uma ditadura militar.
O governo estadual era biônico, nomeado pelo ditador de plantão, na época Ernesto Geisel, general do Exército brasileiro.
O governador ungido de então era Divaldo Suruagy, de parca memória, que, atropelou todos os pareceres de estudiosos e ambientalistas, contrários à escavação de minas de tal porte em ambiente urbano.
Se o erro foi de origem, o atentado ao bom senso se dá até hoje. Mais de 1.500 minas foram escavacadas, algumas a apenas dezenas de metros de distância uma da outra. Insanidade ampla, geral e irrestrita.
O oco no subsolo de Maceió deixado com a exploração irresponsável da Braskem, a “dona” da Salgema, sabe-se hoje, é irreparável.
O oco de decência aberto pelo caso na economia e na política das Alagoas, com certeza, é irremediável.
A capital da Terra dos Marechais foi saqueada, literalmente. Sempre em nome do desenvolvimento, do progresso, do emprego e renda. Resultado: abalos sísmicos não naturais, provocados, dolosos. Um crime praticado por (falsos) líderes empresariais e políticos.
Como tantos e como dantes, ninguém vai pagar por isso. Nem na bela Lagoa Mundaú, que hoje corre o risco de sumir. Muito menos no Quartel de Abrantes.
GILVANDRO FILHO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)
Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”