Danilo Pereira Júnior é suspeito de envolvimento em fraude no consórcio Garibaldi, caso que levou Tony Garcia à prisão e, depois, a se tornar agente infiltrado
Com a escolha por unanimidade do juiz Danilo Pereira Júnior nesta segunda-feira (27/11) para assumir a 13a. Vara Federal de Curitiba, onde Sergio Moro reinou, o Tribunal Regional Federal da 4a. Região prova que o lavajatismo continua forte, sobretudo no sul do Brasil.
Danilo Pereira Júnior era advogado do consórcio Garibaldi, em 1994, quando a empresa foi alvo de intervenção do Banco Central, por suspeita de fraude. Segundo relatório dos interventores, uma das beneficiadas com a fraude foi a esposa de Danilo Pereira Júnior.
O caso foi revelado nove anos depois, quando o administrador do consórcio, Agostinho de Souza, prestou depoimento ao então juiz Sergio Moro, que havia retomado o processo que levaria o empresário Tony Garcia à prisão e, com isso, o transformado em agente infiltrado.
Ao responder a uma pergunta do advogado de Tony Garcia, Antônio Figueiredo Basto, Agostinho contou que havia sido convencido a colaborar com Moro, sem saber que era uma delação premiada, por Danilo Pereira Júnior, que na época já era juiz federal e trabalhava numa sala próxima da de Moro, em Curitiba.
Segundo Agostinho, o nome da esposa do juiz foi usado para transferir recursos para o próprio Danilo Pereira Júnior, por alegadas dívidas trabalhistas. Foi fraude, porque levou os verdadeiros consorciados, ao simular um sorteio.
Ao contrário de outras pessoas mencionadas no relatório do Banco Central, a esposa de Danilo nem sequer prestou depoimento. Procurei Danilo para que ele esclarecesse o episódio. O juiz optou pelo silêncio.
Danilo vai assumir uma vara em que há suspeita de desvio bilionário de recursos obtidos em acordos de leniência, nas gestões de Moro e também de Gabriela Hardt. Quando tentou abrir essa caixa preta, Eduardo Hardt foi derrubado, a partir de uma gravação feita pela filha de Moro.
Appio fez acordo para voltar à magistratura, mas distante da 13a. Vara. Ele hoje responde por uma vara previdenciária, em Curitiba. O Conselho Nacional de Justiça, com base na representação de Appio, realizou correição na 13a. Vara e, num relatório preliminar, confirmou que era “caótica” a gestão de recursos feita por Moro e Gabriela Hardt.
Mas, até agora, Moro e Hardt foram punidos. Existe uma investigação aberta por ordem do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e também permanece em curso a investigação do CNJ.
Só houve prejuízo para carreira de Appio, o juiz que apontou as suspeitas de ilegalidades. E ele foi avisado antes de cair: ou tirava o pé do acelerador, ou cairia. Appio deve ter acreditado que a Lava Jato havia perdido força. Hoje certamente sabe que ele continuava viva e poderosa.
JOAQUIM DE CARVALHO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)