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OMS informou que perdeu contato com o pessoal de saúde do hospital. “Corredor humanitário de saída” foi propaganda suja, dizem palestinos
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) iniciaram na manhã desta quarta-feira (15) – madrugada no Brasil – o assalto ao maior hospital de Gaza, o Al Shifa, onde milhares de civis palestinos se amontoam pelos pátios externos e corredores internos em busca de atendimento médico e abrigo.
O porta-voz do Ministério da Saúde palestino, Ashraf al Qudra, disse que dezenas de soldados israelenses entraram no complexo hospitalar, que abriga cerca de 650 pacientes e entre 5 mil e 7 mil civis deslocados. Outros hospitais já foram atacados por Israel, sendo que 20 dos 36 centros de saúde do território na faixa de Gaza estão inoperantes, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ele ressaltou que no hospital há “apenas médicos, pacientes e deslocados”. “Não temos nada a temer ou esconder”, disse.
Segundo testemunhas, embora os israelenses tenham fornecido um corredor supostamente seguro para a saída do centro médico, pouco depois abriram fogo contra os médicos e pacientes que se retiravam das instalações.
Além disso, consta que os militares interrogam médicos e pacientes, algemando-os, e já cortaram todas as comunicações hospitalares. Tanques israelenses cercaram o complexo.
A OMS informou que perdeu contato com o pessoal de saúde do hospital. “Estamos muito preocupados com a sua segurança e a dos seus pacientes”, disse a organização internacional, sublinhando que os relatos de incursões militares na instituição médica são “profundamente preocupantes”.
Busca no porão do hospital
O diretor-geral dos hospitais da Faixa de Gaza, o médico Munir al Bursh, disse para a Al Jazeera que os soldados israelenses realizaram uma busca no porão do Al Shifa. Ele acrescentou que a IDF também entrou nos edifícios cirúrgicos e de emergência localizados dentro do complexo.
Além disso, de acordo com a Al Jazeera, as tropas israelenses bombardearam um armazém com medicamentos e dispositivos médicos localizado dentro do hospital.
As autoridades palestinas denunciaram que, durante o ataque, os israelenses estão cometendo “crimes de guerra”, disparando contra pessoas dentro do centro médico.
De acordo com um comunicado do Gabinete de Informação do Governo em Gaza, os soldados israelenses “executaram muitas famílias que tentaram deixar o hospital Al Shifa, matando mais de 30”.
O número de mortos pode ser ainda maior na medida em que novas informações forem sendo apuradas pelas autoridades do Ministério da Saúde da Palestina.
Além disso, as autoridades de Gaza acusam Israel de espalhar “mentiras sobre a existência de passagens seguras (corredores)” a partir do hospital, chamando-as de “propaganda suja”.
Declarações da IDF e do Hamas
A IDF e o governo de Israel alegam que esta é uma “operação precisa e direcionada contra o Hamas”, acusando o movimento palestino de usar o centro médico para fins militares.
Apesar dos relatos do uso da força contra o pessoal médico e os pacientes, eles afirmam que trouxeram incubadoras, comida para bebês e medicamentos para o hospital, além de água. Afirmam ainda que não houve “atrito” entre soldados, pacientes e médicos.
De acordo com as suas declarações, armas do Hamas teriam sido encontradas na área e pelo menos cinco membros armados do movimento foram mortos durante um tiroteio em frente ao hospital.
Por sua vez, o Hamas declarou que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, é “totalmente responsável” pelo ataque israelense ao hospital.
“Consideramos a ocupação [israelense] e o presidente Biden totalmente responsáveis pelo ataque ao complexo médico de Al Shifa. A adoção pela Casa Branca e pelo Pentágono da falsa alegação da ocupação de que a resistência está usando o complexo médico de Al Shifa para fins militares deu à ocupação [israelense] luz verde para cometer mais massacres contra civis”, diz trecho de nota do Hamas divulgada pela Al Jazeera.
Munir al Bursh enfatizou que “o exército de ocupação acreditava que seus soldados, ao entrarem no complexo de Al Shifa, sairiam vitoriosos, mas não encontrou nenhuma evidência da existência de resistência (combatentes do Hamas)”.
RENATO MACHADO ” JORNAL GGN” ( BRASIL)