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Porém, a equipe econômica do governo já definiu no artigo segundo que o resultado fiscal primário para 2024 será nulo
Na coluna econômica desta terça-feira (14), o jornalista Luís Nassif falou sobre uma pesquisa da Universidade de Cambridge, em que foram analisadas 166 eleições desde 1980. A conclusão dos pesquisadores é que as medidas de austeridade aumentam tanto a abstenção eleitoral como os votos para partidos não convencionais, potencializando assim a polarização do sistema partidário.
Para debater a relação entre o avanço da ultradireita e as políticas de austeridade, Nassif recebeu o doutor em economia Paulo Kliass no programa TVGGN 20H.
O convidado explicou que, desde abril, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) está parado na Câmara. Porém, desde aquela época, a equipe econômica do governo já definiu no artigo segundo que o resultado fiscal primário para 2024 será nulo.
“O governo está se comprometendo desde abril com a promessa de que em 2024 as receitas primárias e as despesas primárias vão se equivaler. Primeira armadilha: primária, parece que não é nada. É aí que mora o grande perigo, porque na definição de receita e despesa primária, você elimina uma das principais rubricas que o governo gasta ao longo do ano, que são as despesas financeiras com, basicamente, o pagamento de juros da dívida pública”, observa Kliass.
O doutor em economia, que também é membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal sobre as políticas de austeridade, ressaltou que para promover o equilíbrio do primário, o governo terá de cortar despesas em saúde, educação, previdência e em outras áreas sociais, mas nunca se fala em cortes na despesa financeira, que é, majoritariamente, o pagamento dos juros da dívida pública.
Falácia
Kliass refuta a ideia de que o governo não tem recursos para investir no desenvolvimento do País e em áreas sociais, já que, além da arrecadação de impostos, o Planalto pode emitir títulos da dívida pública e da moeda. A operação de câmbio também é centralizada no Executivo.
“O governo opera conta superavitária em R$ 1,8 trilhão, que é exatamente para gastar onde tem de gastar. Nos momentos de crise, o que o governo precisa é recuperar o protagonismo do Estado, aumentar a despesa pública, aumentar investimento público para fazer com que o projeto nacional de desenvolvimento econômico, social, inclusivo possa ser colocado em marcha”, continua.
Contra a maré
O economista francês Olivier Blanchard, lembra Kliass, já alertou que a tentativa de eliminar o superávit primário nos países desenvolvidos requer atenção. “Pode ser um tiro no pé, porque pode levar exatamente a políticas recessivas, políticas populistas de extrema direita, comprometendo a questão democrática e do bem estar da população no mundo.”
Mas as elites brasileiras, porém, insistem em políticas que estão na contracorrente do que é adotado nos países capitalistas. “Uma particularidade dos economistas do Brasil,
desde a crise de 2008, depois reforçada pela crise da covid, houve um doutrinarismo extremado da austeridade a todo custo, nos países desenvolvidos caiu por terra, porque os caras tinham de salvar os Estados Unidos da crise e impedir que a Europa mergulhasse na crise em 2008/2009″, concluiu o entrevistado desta noite.
Confira o programa na íntegra:
CAMILA BEZERRA ” JORNAL GGN” ( BRASIL)