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Nas redes sociais, historiador brasileiro que mora em Israel explica contexto interno e traça paralelo com a sociedade brasileira
A guerra de Israel com a milícia extremista Hamas tem o apoio de boa parte da população israelense, mas também é preciso ter em vista o contexto interno – e lembrar que a sociedade israelense também está em guerra.
Em postagem publicada na rede social X (ex-Twitter), o historiador brasileiro João Koatz Miragaya afirma as pesquisas mostram que a grande maioria da população quer a queda do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, mas que prefere que isso aconteça apenas após a guerra.
Inclusive, Koatz afirma que algumas pesquisas mostram “intolerância, sede de sangue e flertes com coisas absurdas”, em um sinal de que a própria sociedade israelense está em guerra consigo mesma.
“O fato de a população de Gaza estar passando por um desastre humanitário terrível e incomparável com qualquer outra coisa no mundo, não significa que os israelenses estão sentados no seu sofá de boa vendo a guerra pela GloboNews. Não se confundam, estes são outros”, pontua Miragaya.
Comparativo com o Brasil
Em resposta a comentários feitos por brasileiros sobre o conflito, Miragaya diz que essa conjuntura não justifica o apoio à barbárie, “mas a população é influenciada pelo que eles sentem, pelo que a mídia local mostra, pelo que o governo diz, pelo que acontece com eles (…)”.
O historiador lembra que os israelenses também perderam amigos e familiares e estão em meio a uma economia “destroçada, 300% de aumento no desemprego, 300 mil pessoas evacuadas de suas casas”.
“Quem não sabe o que é estar em uma sociedade em guerra, deveria parar e pensar antes de avaliar. Criminalizar toda uma população por suas opiniões no meio da guerra é um tipo de discriminação que não se difere muito do racismo”, pontua Miragaya
Porém, o comparativo que o historiador faz não é com a Palestina, mas com a sociedade brasileira – “a economia destroçada, 300% de aumento no desemprego, 300 mil pessoas evacuadas de suas casas… Eu poderia continuar, mas acho que você já entendeu. Eu estou comparando com Gaza? Não. Estou comparando com o Brasil (…)”.
“Curioso que os mesmos que atacam a população de Israel sob o argumento “elegeram um genocida por 15 anos” (sic), são aqueles que condenam o genocídio negro e indígena no Brasil, que não começou em 2018”, lembra Miragaya.
“O que podemos dizer sobre a população do Brasil? Certamente é complexo, o Brasil tem taxa de homicídios maiores que de países em guerra”, diz o historiador.
“(O Brasil) Tem graves problemas econômicos, é campeão do mundo em desigualdade social, racismo para todos os gostos e em várias esferas, uma polícia violentíssima, entre mil outros problemas. Tudo isso ajuda a explicar o crescimento da extrema-direita. Condenar a população? Não”.
TATIANE CORREIA ” JORNAL GGN” ( BRASIL)