Beth gostava de discutir política e economia. Nos engalfinhamos em uma discussão sobre a suposta conspiração de gravadoras para destruir a música brasileira
Ouvi pela primeira vez Beth Carvalho como cantora de MPB, consagrando-se com “Andança”. Depois, abraçou o samba e se tornou uma de suas principais intérpretes.
A última vez que a vi foi o show Lula Livre, na Lapa, no Rio de Janeiro. Entrou de cadeira de rodas e cantou lindamente.
Nos anos 70, era frequentadora frequente do Bar do Alemão.
Gostava de discutir política. Certa vez, na inauguração do bar Vou Vivendo, no Itaim, sentamos na mesma mesa Beth Carvalho, Hermeto Paschoal e eu. Beth gostava de discutir política e economia. Nos engalfinhamos em uma discussão sobre a suposta conspiração de gravadoras para destruir a música brasileira.
Beth tinha certeza que se tratava de uma questão política. Eu defendia que se tratava de miopia comercial, de todas as gravadoras indo atrás dos gêneros que não traziam riscos de venda.
Discussão interminável, para cansaço de Hermeto. Até que resolvi apelar:
– Beth, eu jamais ousaria discutir pagode com você.
E ela:
– Ah é, está querendo insinuar que não devo discutir economia com você?
E prosseguiu na peleja, com ambos enfrentando o olhar desanimado de Hermeto.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)