CAMPOS NETO COMEÇOU A BOMBARDEAR A PROPOSTA DO AMIGO HADDAD

CHARGE DE AROEIRA

As declarações de Campos Neto fizeram o mercado reduzir as projeções de queda da Selic – justamente o que ele queria.

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Como era de se esperar, o amigo do Ministro Fernando Haddad, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, tratou de torpedear a proposta do amigo, de captação externa para reduzir as taxas de juros internas para financiamentos de projetos prioritários.

Segundo Campos, a “lição de casa ficou mais difícil” devido à tendência de alta dos juros americanos. Segundo ele, com a redução do fluxo de capital em direção aos emergentes, o mercado está mais exigente em relação ao ajuste da contas públicas.

As declarações de Campos Neto fizeram o mercado reduzir as projeções de queda da Selic – justamente o que ele queria. Segundo ele, os países desenvolvidos estão pagando mais pela rolagem das suas dívidas, chegando a 108% do PIB a soma da dívida de todo mundo.

Depois, mostrou que o custo de rolagem das empresas pequenas americanas está em 10%. E empresas americanas médias e boas com emissões entre 7,5% e 8%. A cada seis meses, segundo ele, os juros ficam mais altos e é preciso rolar a divida.

A partir daí, trata esses defeitos de mercado com duas fórmulas (oh!), inéditas:

  1. Uma saída organizada, mantendo o juro alto por mais tempo.
  2. Uma desorganizada, com desaceleração do crescimento mais rápido que a desaceleração da inflação.

É fantástico! Se mantiver os juros altos, haverá desaceleração do crescimento de forma organizada. Se derrubar os juros, desaceleração do crescimento de forma organizada.

Nos fóruns internacionais, Brasil, Índia e México são vistos como a bola da vez para investimentos externos. Pouco importa. Como pouco importa separar investimento especulativo (aquele priorizado por Campos Neto) em investimento produtivo.

Segundo a Goldman Sachs, houve aumento do custo médio da dívida corporativa americana, mas de 3,7% em 2022 para 4,5%. Campos Neto chutou para 8%. E nem se o déficit zero for alcançado, não bastará para reduzir a Selic.

Não tem jeito. A economia brasileira só recuperará o dinamismo quando houver restrições ao livre fluxo de capitais, quando for revogada a Meta de Inflação e quando o governo passar a atuar sobre os fatores reais de influência na inflação e passar a utilizar os investimentos públicos para sustentar o crescimento.

A redução do investimento público, proposto por Campos, significa menos crescimento, menos arrecadação fiscal no futuro, menos emprego, mais risco para a democracia.

Mas sua intenção é essa mesma, inviabilizar um governo que se conforma em ir para o matadouro sem reagir, para abrir espaço para um futuro governo Tarcísio, tendo Campos Neto como Ministro da Fazenda.

No mesmo período, um estudo do BIS chegava às seguintes conclusões:

“Se os spreads caíssem para o nível mundial em todos os mercados [de crédito], por exemplo, observaríamos um aumento de 4,83% na produção e um aumento de 6,51 pontos percentuais nos lucros do setor empresarial em relação ao PIB”.

E mais: “A redução na concorrência bancária aumenta os spreads de crédito (ou seja, a diferença entre as taxas de empréstimo e de depósito) e diminui o volume de crédito. Esta diminuição resulta inteiramente da margem extensa – ou seja, são concedidos menos empréstimos, em vez de reduzir o tamanho dos empréstimos. Mostramos que os nossos resultados são robustos em várias dimensões e não são impulsionados por outros canais, como o fechamento de agências e as relações entre bancos e empresas”.

E uma ironia, ao discorrer sobre o aumento do spread devido à baixa concorrência, impactando o emprego em todos os setores, exceto no agro: “É importante ressaltar que não observamos efeito no setor agrícola, que tem mais de 75% do crédito alocado através de programas e subsídios governamentais e, portanto, não deve responder a mudanças na concorrência bancária”.

Resumo: Se fosse estendida à indústria as mesmas facilidades desfrutadas pelo agro, ou seja, um Plano Safra anual, certamente não estaríamos falando de desindustrialização no Brasil e o crescimento econômico não estaria estagnado. O PIB seria hoje da ordem de US$ 5 tri, equivalente ao da Alemanha, se tivéssemos mantido a nossa participação no PIB global de 1980.

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LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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