“Sérgio Massa levanta o discurso semelhante ao de Lula da união nacional contra o fascismo”, resume César Fonseca
Súbita lembrança trágica do pesadelo Menem e seu Domingo Caballo de Átila desperta a Argentina para o perigo do fascista Milei e sua motoserra demente sobre a cabeça dos trabalhadores – e não deixa o Bolsonaro argentino passar, no primeiro turno, como se prenunciavam os apressados.
Sérgio Massa desperta peronismo e agora levanta o discurso semelhante ao de Lula da união nacional contra o fascismo
A insanidade bolsonarista invadira o país com o discurso de Eduardo Bananinha, com a insana proposta terrorista de defesa do armamentismo popular.
O escândalo foi tão grande, na reta final da disputa eleitoral no primeiro turno, que tiraram o elemento do ar.
Susto Milei, descobrem argentinos, na segunda etapa da disputa – a primeira foi a realização das primárias, vencidas por Milei –, é alerta de que neoliberalismo, herança trágica de Macri, que o louco Javier promete retomar, é a tragédia do desemprego e o reinado total da violência e insegurança social.
O peronismo, que já estava pretensamente dado como defunto, pronto para ser enterrado pela direita nazifascista, ergueu como a força política maior a arregimentar o nacionalismo para o segundo turno.
Tentará, nos próximos 30 dias, reverter a maré negativa, para salvar a Argentina do peso monstruoso de novo Hitler ressuscitado na América Latina, cuja bandeira seria a americanização portenha por meio da dolarização sem dólar.
Com a dolarização, ocorreria aprofundamento ainda mais intenso da dependência ao FMI e credores internacionais e a completa impossibilidade de afirmação da soberania nacional.
O peso político decisivo da Buenos Aires peronista, como caldeirão fervente das emoções e temores nacionais diante de perigo trágico, reverteu a derrota das primárias a anunciar hecatombe política na disputa eleitoral.
Ficou comprovada uma diferença fundamental entre o eleitorado argentino e brasileiro diante, por exemplo, do bolsonarismo, mesmo fenômeno que embala Javier Milei.
Essa característica foi a marca registrada do fascismo tupiniquim (2018-222), que ganhou perfil de governabilidade militarista.
A irracionalidade chegou a tal ponto que, mesmo depois da derrota do segundo turno, para Lula, em 2022, o bolsonarismo fracassado sentiu-se motivado a dar golpe em 8 de janeiro de 2023, depois da posse lulista.
Na sequência, em embalo de loucura política, tentou culpar o próprio governo eleito de arquiteto golpista por meio de CPI.
Insanidade absoluta na maior trapalhada política da história nacional.
Desabafo latino-americano – Os argentinos, mais conscientes, politicamente, que os brasileiros, já alertados pelo iminente perigo bolsonarista encarnado em Milei, reverteram ontem a derrota nas prévias primárias do peronismo e se animaram para possível vitória no segundo turno no próximo mês.
Indubitavelmente, é um alívio sul-americano que os hermanos promovem, temporariamente, na expectativa de que seja duradouro na nova batalha já com data marcada.
A ultradireita, se vitoriosa, num primeiro turno, como se chegou a cogitar, até por analistas políticos tupiniquins que se deslocaram para a Argentina, nas últimas semanas, para sentirem de perto o fenômeno Milei, seria algo sem adjetivos.
Muitos apressados voltaram de lá certos em seu equívoco, anunciando nas redes sociais inevitabilidades tais como a de que a vitória de Javier ocorreria no primeiro turno como lição maior para esquerda argentina.
Teria chegado a hora fatal, disseram, de ela ser obrigada a encarar sua grande enfermidade, qual seja a de ser gastadeira, defensora a qualquer custo de um estado social, despreocupada com ajustes fiscais que são inevitáveis.
São os carregadores eternos dos argumentos do FMI de que se não houver profundos cortes nos gastos públicos será impossível governar a Argentina.
Uma conversa, totalmente, destituída de racionalidade, como se a receita padrão ditada por Washington fosse a verdade absoluta.
O medo da general Richardson – A Argentina politicamente dominada pelo peronismo, como sempre, alarma Washington, dessa vez devido à determinação nacional de se aproximar da China para abertura de novas fronteiras comerciais que afastariam de cena as forças que têm mantido não só os argentinos, mas todos os latino-americanos prisioneiros da religião neoliberal.
A derrota parcial de Milei deixa inconformada a general Laura Richardson, comandante geral do Comando Sul das forças armadas americanas para o continente sul-americano, sediadas na Flórida.
A pauta política dela, ultimamente, é a de alertar que a China – bem como a Rússia – dão passos decisivos na América do Sul, por meio dos BRICS, para jogar por terra a Doutrina Monroe, por meio da qual os Estados Unidos, desde 1823, consideram o continente sul-americano propriedade sua.
A vitória de Javier Milei acalmaria a general americana toda poderosa que está articulando treinamentos de tropas americanas na Amazônia, por meio de aprovações forçadas do governo brasileiro e peruano.
Essa possibilidade ficou mais distante com a vitória parcial de Sergio Massa, que, embora seja candidato do FMI à Casa Rosada, lá não chegará se não contar com o peronismo, crítico do FMI e da dominação de Washington.
Sua proposta de união nacional é repeteco de Lula para livrar Argentina do fascismo.
CESAR FONSECA ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)