UM MAPA PARA ENTENDER A ESTRUTURA DE PODER NA ECONOMIA

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Essa rede define sistemas de poder no país. Quanto maior a centralidade de intermediação, maior o poder para influenciar jornais e políticos.

Pós-doutor em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Doutor em Planejamento Territorial e pesquisador do Centro de Estudos de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina do ABC, Eduardo Magalhães produziu um estudo relevante sobre o controle da economia brasileira pelos supergrupos.

Ele foi entrevistado ontem pela bancada do TV GGN Nova Economia. Recomendo vivamente o programa.

Valendo-se de metodologia utilizada por pesquisadores estrangeiros para mapeamento dos grandes grupos na economia mundial, Magalhães mapeou a economia brasileira, com base nos anuários do Valor Econômico. A metodologia permite cruzar dados de todas as empresas, de maneira a descobrir as imbricações societárias.

A partir do levantamento, ele distribuiu as empresas por cinco rankings de avaliação. Um deles é o da “centralidade de intermediação”. Explica qual o grau de influência da empresa na economia, tomando por base todas as suas controladas e as controladas das controladas.

O trabalho permite mapear toda a estratégia da 3G – de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

A liderança é da Eletrobras. A segunda estatal colocada é a Copel (Companhia Paranense de Energia), em processo de privatização. E a terceira é a Cemig Geração e Transmissão, também sob risco de privatização. Provavelmente, o trio das Americanas foi orientada por trabalho similar na hora de definir suas estratégias de tomada de controle.

O mapeamento montado por Magalhães poderá ser um bom ponto de partida para as estratégias de investimento do BNDESPar e fundos de pensão de empresas públicas, por ajudar a definir peças chaves no universo econômico brasileiro.

Mas não apenas isso. Essa rede intrincada define também sistemas de poder no país. Quanto maior a centralidade de intermediação, maior o poder político para influenciar jornais e políticos. O trabalho permitirá identificar, uma a uma, as relações entre todos os grupos.

E ajudará a entender mecanismos sofisticados em torno das estratégias de privatização. Como a Petrobras dificilmente seria privatizada, todo o trabalho nos períodos Temer-Bolsonaro consistiu em quebrar suas pernas para não participar, no futuro, de competição com os super-grupos privados.

É hora de começar a incluir o tema na relação das disfunções da economia brasileira.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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