ELETROBRAS, CEMIG E COPEL NAS MÃOS DA 3 G

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Dessa loucura não passarão imunes a indústria automobilísticas, a de máquinas e equipamentos, a indústria têxtil, as grandes redes nacionais.

Provavelmente é mais um balão de ensaio, a ideia de que o governo abriria mão da reestatização da Eletrobras em troca de um adiantamento na conta que permite redução de tarifas.

Essa cortina de fumaça é para ocultar o mais grave golpe contra a economia brasileira, mais grave que o golpe nas vendas das refinarias. Está a caminho uma jogada audaciosa para agregar à Eletrobras, a Cemig e a Copel. Seria um poder absoluto na geração e na transmissão nas mãos de um dos grupos econômicos mais inescrupulosos do país.

Tarifas são apenas um dos subprodutos do golpe da privatização. O primeiro problema sério é o grau de concentração que ficará nas mãos do grupo Jorge Paulo Lemann.

O caso Americanas, e o estudo do caso Ambev, revelou de forma clara os princípios que regem o modelo Lemann – copiados de Jack Welch o executivo responsável pelo desmonte da mais simbólica multinacional americana, a General Eletric.

A lógica do crescimento saudável de uma empresa é o investimento permanente em inovação, melhoria dos recursos humanos e fortalecimento da rede de fornecedores.

Há dois valores de uma empresa de capital aberto: o valor intrínseco e o valor de mercado. O valor intrínseco leva em conta a perpetuidade da empresa, as estimativas de crescimento do faturamento e do lucro, os novos investimentos, os avanços em inovação.

Já o valor de mercado considera especificamente sua capacidade de gerar dividendos no curto prazo.

Qual é o estilo Welch, que soterrou a GE, comprometeu o próprio capitalismo americano e, imitado por Lemann, soterrou as Americanas? É o saque continuado sobre a empresa. Se não investe em inovação, em manutenção, está comprometendo seu futuro em favor de um aumento imediato dos dividendos. Ou seja, perdem os fornecedores, os empregados, o país, em favor unicamente dos rentistas.

O caso é muito mais grave quando se analisa o valor estratégico dessas empresas – Eletrobras, Copel e Cemig – para a economia brasileira e para o próprio setor elétrico.

O modelo elétrico brasileiro é constituído da energia contratada (contratos de longo prazo com as distribuidoras) e o mercado livre, no qual grandes empresas negociam com comercializadores de energia.

A energia contratada, fornecida pelas distribuidoras, é para os pequenos consumidores e para as residências. O mercado livre é para as comercializadoras e para as grandes empresas. A privatização jogará a energia contratada ao mar, penalizando pequenos produtores e residências. Há uma cegueira generalizada das grandes empresas, que acreditam que, com o mercado livre, se livrarão desse peso.

O mercado livre é instável. Uma seca, ou excesso de chuvas, pode alterar radicalmente as cotações. O que garante o equilíbrio do setor é a geração das grandes estatais e dos reservatórios de sua propriedade. O que acontecerá na primeira crise hídrica, com todo esse potencial nas mãos do maior especulador da história moderna do país?

Bastará segurar a vazão dos reservatórios, ou reduzir a oferta de energia, para manipular o mercado à vontade.

Mais que isso. Como sua estratégia é de abandonar investimentos e manutenção, gradativamente a Eletrobras, empresa chave para a economia brasileira, será depreciada até o momento em que se transforme em uma nova Americanas.

Parem com isso! Dessa loucura não passarão imunes a indústria automobilísticas, a de máquinas e equipamentos, a indústria têxtil, as grandes redes nacionais. É ilusão. Basta analisar o tratamento da 3G aos fornecedores das Americanas e da Ambev para se ter uma ideia do seu senso de responsabilidade.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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