SPOOFING: A PERSEGUIÇÃO TORPE AOS “DISSIDENTES” DA POLÍCIA FEDERAL

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Veja denunciara que setores da PF estariam vendendo dossiês contra a Lava Jato e queriam saber se eu conhecia aquele dossiê.

As próximas revelações da Operação Spoofing vão mostrar um dos maiores abusos cometidos na Lava Jato: a perseguição de “dissidentes” pelo grupo de Policiais Federais que gravitavam em torno de Sérgio Moro.

Houve uma perseguição implacável a delegados legalistas – tratados como “dissidentes”, com um furor comparável aos processos de Moscou, na pior fase do período de Stalin.

Aqui, alguns dos policiais envolvidos na trama. Três deles me processaram, me obrigaram a ir a Curitiba e a pagar multas, dentro da cumplicidade com o judiciário local.

Rosalvo Franco

Mas a perseguição contra os “dissidentes” ficou clara quando fui intimado a depor em um inquérito na Polícia Federal em São Paulo. Foi tudo muito civilizado. Telefonaram antes informando que eu não era alvo do inquérito. Dois agentes vieram até o prédio em que eu morava trazendo a intimação. Como o sol estava forte convidei-os a entrar no saguão e tomar uma água. Na conversa com eles, percebi que a turma da Lava Jato decididamente não era bem vista pela corporação.

  • São policiais de computador, queixou-se um deles.

Fui ao depoimento sem sabe do tema. Chegando lá, uma bancada de três delegados de ar grave, tão grave quanto deveria ser o semblantes dos juízes da inquisição, me estenderam um material impresso. Disseram que a revista Veja denunciara que setores da inteligência da PF estavam vendendo dossiês visando atacar a Lava Jato. E queriam saber se eu tinha tomado conhecimento do conteúdo daquele dossiê.

Saí até o corredor para ler o material. Voltei e fui personagem de um diálogo hilário:

  • O senhor já tinha tomado contato com esse dosiê?, indagou um dos inquisidores.
  • Perfeitamente.
  • Como o senhor tomou contato?
  • Eu escrevi e eles copiaram sem me dar o crédito.

De fato, o dossiê se baseava quase integralmente nas minhas reportagens sobre o envolvimento da Rosângela Moro com a família Arns e a organização suspeita da APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).

Aí começaram a me testar.

  • Como o senhor soube desses casos?
  • Namoro uma procuradora, pioneira na luta pela educação inclusiva, que me contou sobre o lobby das Apaes bem antes da Lava Jato.
  • E essa informação de que o senador Arns direcionou 450 milhões para as APAES?
  • No site da Secretaria da Educação.
  • E a informação de que o sobrinho dele, Marlus Arns, era advogado de todos os casos das APAES?
  • No portal do Tribunal de Justiça do Paraná.
  • O senhor deu alguma coisa sobre a acusação de que o escritório de Rosângela Moro trabalhou para a Schell?
  • Não dei.
  • Mas leu em algum lugar?
  • Li, mas não tinha elementos maiores de provas.
  • Como o senhor soube disso então?
  • Uso uma ferramente nova que surgiu, própria para investigações.
  • Que ferramenta é essa?
  • Google.

E a inquirição acabou ali.

Agora, é hora da corporação e do novo comando passar a limpo um dos episódios mais vergonhosos da história da Polícia Federal.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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