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Lendo a reportagem de O Globo, me dou conta que os boatos surgiram, na época, em função dos avós nazistas do tenista bolsonarista.
O Globo traz uma reportagem interessante sobre os antepassados do tenista Thiago Wild. E relembra os rumores do início dos anos 70, sobre a presença de Martin Borman, o carrasco nazista, no Paraná.
E aí me lembrei de uma aventura maluca. Ulisses Alves de Souza, que era Secretário de Redação da Veja, acumulou a chefia de reportagem quando saiu Talvani Guedes. Uma manhã chego na redação e recebo a incumbência de viajar correndo para Palmital, no Paraná, divisa com São Paulo, para investigar as suspeitas sobre Martin Borman. Comigo foi o fotógrafo Carlos Namba.
Passei correndo em casa, montei uma mala mambembe e fomos caçar nazista. Optamos para ir sem motorista no fusquinha da Abril. Foi uma viagem enrolada. Namba estava meio apavorado e, no meio do caminho, decidiu esconder o nome da Abril. Deixou visível apenas a arvore da Abril. Se alguém indagasse quem éramos nós, diríamos que éramos compradores de madeira.
Bom, eu tinha acabado de chegar do interior, tinha pouco tempo de repórter. Como discutir com um fotógrafo tarimbado como Namba?
A história que ouvimos é que os nazistas se escondiam em um seminário abandonado na cidade. Viajamos três horas, chegamos na cidade, divisa com o Paraná e não havia nazista, sequer seminário, e nem a cidade ficava no Paraná: era de São Paulo mesmo. Mas lá nos informaram que havia uma Palmital no Paraná. Toca pegar estrada, mais 6 horas viajando de madrugada.
Chegamos na cidade amanhecendo. Onde buscar informações? O experiente Namba deu a sugestão:
- Vamos até o jornal local.
Chegamos lá, era de um paulista, que tinha uma gráfica em São Paulo, mas decidira-se pela vida mais tranquila do interior. Vendeu a gráfica, comprou o jornal de Palmital (PR) e se mudou. O único veículo do jornal era uma bicicleta. E Namba resolveu tirar um sarro do interiorano.PUBLICIDADE
Aqui, um parêntesis. Namba era um gozador incorrigível. Certa vez, um gaiato de Campinas resolveu lançar o “movimento dos machões brasileiros”. Na época, três cidades tinham fama de reduto gay: Campinas, Pelotas e minha Poços de Caldas. Namba fez o sujeito espalhar os panfletos pela escrivaninha e sentar na ponta. E foi ajeitando de tal modo que, para caber na ponta, que precisou cruzar as pernas de forma um tanto feminina.
Pois Namba pede para fotografar o dono do jornal ao lado do único veículo da firma. O sujeito não vacilou e propôs uma troca:
- Você tira foto minha ao lado da bicicleta e eu tiro foto de vocês dois para uma reportagem de que vieram até aqui atrás de Martin Borman.
Namba desistiu da foto e voltamos de mãos abanando.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)