O programa de auditório apresentado por Fausto Silva na TV Bandeirantes, em 2023, estava lembrando os momentos finais do Baile da Saudades de Francisco Petrônio da TV Cultura nos anos 80.
Faustão apresentava na Band, de segunda à sexta-feira, atrações envelhecidas em formatos de televisão ultrapassados, demonstrando irritabilidade e desconforto com o que fazia.
O cenário do Faustão na Band é tosco e grosseiro, espalhafatoso, extravagante e, ainda, sem elegância, apenas preenchido por bailarinas que remetia o telespectador ao lendário Discoteca do Chacrinha (1970/1982) ou até mesmo ao Clube do Bolinha (1973/1994), ambos exibidos na Band, nesses períodos, respectivamente, por Abelardo Barbosa e Édson Cury. A única diferença é que Faustão aparece na televisão em 4k, expondo a sua cafonice em alta definição.
Fausto Silva
que veio desfrutando de uma ascensão ao longo de quatro décadas, principalmente
aos domingos na Rede Globo de Televisão,
experimentou desde janeiro de 2022 na Band,
o gosto amargo de um fracasso retumbante.
O anúncio da despedida do apresentador Fausto Silva das noites semanais da Band, sem o espetáculo midiático esperado, mas com muitas críticas ao seu trabalho, só não superou a maneira com que Faustão foi retirado das tardes de domingos da TV Globo no início do segundo semestre de 2021. Simplesmente foi afastado e nunca mais apareceu na emissora da família Marinho.
Pode-se afirmar que é o fim lamentável de alguém que não soube a hora certa de parar. De cult, no final dos anos 80, na Band com o Perdidos na Noite, ao popular Domingão da Globo, Fausto Silva aposenta-se com a tristeza e o insucesso que jamais imaginou ter na televisão brasileira.
Apesar de deixar uma dívida de quase 50 milhões de reais na emissora da família Saad, Faustão carrega muito dinheiro que ganhou nesses quase 40 anos de apresentador de TV. Mas também leva na sua biografia os dois episódios mais marcantes de baixaria da TV brasileira. De popular o Domingão do Faustão ficou popularesco com a direção de Leonor Correa, irmã de Fausto Silva.
O caso do sushi erótico, com atores da Globo comendo, com palitinhos, peixe cru colocados e espalhados no corpo nu de modelos foi um marco de grosseria e falta de respeito na TV. O sushi erótico deu audiência e consagrou negativamente a irmã de Faustão, idealizadora e produtora da baixaria do Domingão.
Outro programa que contribuiu negativamente para o currículo do apresentador e de sua irmã, foi o caso “latininho”. Faustão, acossado pela concorrência, entrevistou como atração principal o jovem Rafael Santos de apenas 15 anos, portador da síndrome de Seckel — um distúrbio genético que causa microcefalia, nanismo, deformações faciais e até mesmo quadro de deficiência intelectual. A exposição do jovem constrangeu as pessoas presentes no auditório, além dos telespectadores e toda a imprensa.
Algum leitor desinformado poderá até achar que esse texto que escrevo agora é um ranço mal curado, mas a verdade é que os infortúnios vividos agora por Fausto Silva na Band foi uma morte mais do que anunciada. Na estreia desse Faustão, no dia 17 de janeiro de 2022, fiz um artigo no site Na Telinha do UOL, explicando porque o programa seria um fracasso.
Afirmei que um programa diário na Band, em horário nobre, seria o início do fim do apresentador Fausto Silva. Esse mesmo artigo saiu publicado no Blog do Xonka e no Linkedin, apenas com as minhas considerações técnicas e profissionais. Sem ranço e sem maldade, apenas sem nenhuma simpatia ou respeito pelo senhor Fausto Silva.
Ressaltei que Faustão fazia na Globo 52 programas por ano, com um dos maiores faturamentos da emissora carioca. O Domingão tinha à sua disposição toda a estrutura (técnica e financeira), além de todo o elenco da emissora do Jardim Botânico do Rio.
Todos os lançamentos de discos, de novelas, de programas eram feitos, obrigatoriamente, no Domingão. Havia fila de espera e grandes disputas para participar do programa de Fausto Silva. Muitos artistas consagrados pagaram grandes micos no domingo para poderem ganhar dinheiro a partir de segunda-feira.
Faustão também cometeu um grande equívoco como ressaltei na época. O apresentador pensou que o prestígio e, consequentemente, a publicidade com receita financeira era dele e não da Globo. Lógico que errou. A maior prova é que a emissora carioca colocou um pretenso intelectual, narigudo e oportunista (Luciano Huck) no lugar de Faustão e tudo continuou como era antes. Nada mudou na audiência e no faturamento da Globo.
No dia da estreia de Faustão na Band deixei claro que a realidade seria outra. Sem grandes recursos financeiros e técnicos, com uma estrutura de produção precária, sem elenco e sem grandes atrações, em apenas três meses, Faustão já teria feito 60 programas na Band. Mais do que um ano na Globo. Não tinha como dar certo.
A audiência da estreia começou a dispersar já nas primeiras semanas de janeiro de 2022. Estabilizou em 2 pontos de Ibope, mas – às vezes – registrava até menos. Os poucos anunciantes foram minguando, como as verbas no programa também. Ocorreram demissões, o Faustão na Band encolheu mais de meia hora e as bailarinas, adereço mais que retrógrado e supérfluo, foi extinto. Só faltava o Faustão deixar o programa e isso aconteceu em maio, na semana de seu 74º aniversário.
Para não me estender mais e sem querer transparecer ranço ou ressentimento pueril, anexo o link do meu artigo publicado no UOL em 17 de janeiro de 2022, onde fui assertivo e isento na análise que fiz desse aventureiro fiasco programa de Faustão e da própria Band:
ALBERTO LUCHETTI NETO ” ALLTV” ( BRASIL)
Alberto Luchetti Neto é jornalista, criador e diretor geral da ALLTV, primeira emissora brasileira na internet, diretor do “Domingo do Fautão” e núcleo da Rede Globo, repórter da Folha de S.Paulo, repórter político do jornal O Estado de S.Paulo, diretor da Jovem Pan, diretor da Rádio e TV Bandeirantes