A NOBRE OBRA DE NORONHA GOYOS E SABELLA

  • Nossa trajetória familiar, retrato da linhagem dos antepassados, são, inegavelmente, os sobrenomes que levamos pela vida afora. Sou Castro Freaza, por parte de pai, ambos de origem espanhola, e, pelo lado materno, Roustan, de matriz armênio-georgiana, e Rabay, húngaro – famílias radicadas desde o século XIX no Líbano.
  • Meu caro e ilustríssimo amigo, o refinado intelectual Durval de Noronha Goyos Júnior, de 70 anos, nascido na paulista São José do Rio Preto, que acabou de lançar sua monumental autobiografia, com cerca de 850 páginas, no dia 16 de maio, na Casa de Portugal, em São Paulo, traz nos sobrenomes, naturalmente, a epopeia dos ancestrais. Originários da nobreza leonesa de Zamora, ao Norte de Castela, os Goyos bateram-se, no século XII, junto a Dom Afonso Henriques e ajudaram a fundar o Reino de Portugal. E os Noronha, igualmente da nobreza lusitana, criaram, a rigor, o imenso Portugal que chamamos de Brasil.
  • O irrequieto e eloquente rio-pretense carrega ainda a essência da mãe, Maria Verginia Sabella, de raízes italianas, proveniente do Molise, na Costa Adriática, região profundamente vinculada ao mágico universo de Nápoles – metrópole do antigo Reino das Duas Sicílias. Os Sabella, de seu núcleo, eram progressistas e o avô, Alberto, ativista antifascista do PCI (Partido Comunista Italiano), refugiou-se em São Paulo durante o regime de Benito Mussolini (1883 – 1945).
  • A prodigiosa obra de Noronha Goyos, advogado de renome internacional, é uma síntese de sua extraordinária vida – na qual, as respectivas características herdadas fizeram dele um homem cosmopolita, que triunfou no Direito e nas letras.
  •   Tem escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro e mantém outros em cidades de cinco países: Buenos Aires, Miami, Lisboa, Londres e Pequim, capital da China, que aprecia e estuda, conforme alguns de seus livros. Como o precioso ensaio intitulado “Introdução à Revolução Cultural na República Popular da China”, publicado em 2016, e “As Guerras do Ópio na China e os Tratados Desiguais”, editado em 2021 – e resenhado por mim, aqui, em “Mundos ao Mundo”, em três de fevereiro de 2022.
  • Um de seus melhores amigos é o sucessor da Coroa portuguesa. Dom Duarte de Bragança – que tive a honra de conhecer, apresentado pelo próprio Noronha Goyos, semanas antes da pandemia, na Casa de Portugal, em São Paulo, em 2020, seguido de um jantar no restaurante Piselli.
  • O amor aos lusos e italianos faz com que, em companhia da esposa, Amanda, passe vários meses do ano entre Lisboa e Roma. Visitando sempre a querida Nápoles, berço do liberalismo peninsular do século XVIII e cidade do notável filósofo Benedetto Croce (1866 – 1952), de quem é voraz admirador. Não esquece jamais a capital do Molise, Campobasso, onde nasceu seu avô, que tanto o influenciou, politicamente, tornando-se, muito jovem, uma liderança na esquerda universitária – com forte atuação no campus da  Faculdade de Direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica), no bairro paulistano das Perdizes.
  • É conselheiro, hoje, da prestigiosa Fundação Maurício Grabois, ligada ao Partido Comunista do Brasil (PC do B) – do qual, por inspiração do vovô Sabella, é militante.           Sua autobiografia é, acima de tudo, um legado às próximas gerações da família – cujos ancestrais deixaram, frequentemente, registros de seus percursos. Grande mestre do Direito, dos livros e também das artes, meu caro Noronha Goyos, como o romano Cícero (106 a.C. – 43 a.C.), tem aparência e hábitos aristocráticos, sem ocultar, porém, a generosa alma humanista.     
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ALBINO CASTRO ” PORTUGAL EM FOCO” ( BRASIL / PORTUGAL)

Albino Castro é jornalista e historiador

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