Em mensagens, Mauro Cid ordenou ‘reserva absoluta’ sobre teste
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou sigilo de um exame de Covid, feito em maio de 2021, após ele participar de uma manifestação com apoiadores em Brasília, revelam uma troca de mensagens entre assessores.
De acordo com os diálogos, o então presidente apresentou sintomas de Covid na noite de 15 de maio de 2021, um sábado, dia em que participou sem máscara de aglomeração durante o ato na capital federal, segundo informações da Folha de S. Paulo.
Na manhã do dia seguinte, 16 de maio, o ajudante de ordens de Presidência, Mauro Cid, encaminhou uma mensagem a Célio Faria, então chefe do gabinete pessoal de Bolsonaro.
“No exame comparativo, ele está com o pulmão com 10% comprometido. Mas está bem…. dormiu a noite toda, das 21h às 5h30. Oxigenação 97! Zeitoune acha que é COVID… Pr [presidente da República] não quer fazer exame“, escreveu Cid, que se referia a Marcelo Zeitoune, um dos médicos da Presidência.
Cerca de 20 minutos depois após a primeira informação, Cid mandou a Célio outra mensagem, afirmando que Bolsonaro havia decidido fazer o exame, sob “reserva absoluta”.
“O laudo médico do HFA [Hospital das Forças Armadas] foi colocado no sistema…. Pr vai fazer o exame para evitar vazamento. Pediu reserva absoluta. Não quer divulgar que vai fazer o exame. Só se vazar o laudo“.
Célio Faria, por sua vez, respondeu estar ciente e acompanhando o caso. Às 14h32 do mesmo dia, Cid informou Célio que o exame de Bolsonaro havia dado negativo para a Covid.
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Logo no dia seguinte, na manhã de 17 de maio de 2021, Bolsonaro parou no cercadinho do Palácio da Alvorada e, em conversa com apoiadores, atacou as medidas recomendadas pelos órgãos sanitários contra a doença. A retórica era corriqueira.
“O agro realmente não parou. Tem uns idiotas aí, o ‘fique em casa’. Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa. Se o campo tivesse ficado em casa, esse cara tinha morrido de fome, esse idiota tinha morrido de fome. Daí, ficam reclamando de tudo“, disse Bolsonaro.
Os diálogos vieram à tona, após os sigilos bancário, fiscal e telemático de Cid serem quebrados por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-ajudante de ordens da Presidência está preso por causa da inserção de dados falsos sobre vacinação contra a Covid, no sistema do Ministério da Saúde.
ANA GABRIELA SALES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)