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Ninguém quebrou por não cumprir o índice da Basiléia…
O fato de o BC e o FGC estarem calmos por 20 instituições estarem desenquadradas do índice de Basileia causa alguma preocupação
Hora de se fazer o “TESTE de STRESS” …
Essa semana ganhou espaço no noticiário o fato de 20 instituições financeiras estarem desenquadradas no índice de Basiléia. O mais preocupante é a aparente tranquilidade dos executivos do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e do BC em relação a esse fato.
De acordo com a reportagem do Valor, o BC e o FGC relatam que as instituições financeiras estão capitalizadas, sendo que nas grandes instituições, a inadimplência já atingiu um pico.
Diante deste dado, acredito que devo reforçar o meu artigo “Crise à vista no sistema financeiro”. Nele indiquei o crescente temor global a respeito da saúde financeira das instituições e como as autoridades monetárias deveriam começar a olhar uma linha de refinanciamento compensatório , para combater os sintomas dessa crise em potencial.
Bom, se 20 instituições financeiras nacionais estão fora do índice da Basiléia, penso que existam alguns caminhos a serem seguidos. O primeiro seria promover uma capitalização para enquadrá-las. O segundo seria vender ativos, a exemplo do que foi feito por algumas instituições sólidas num passado recente.
Uma terceira via, a mais preocupante, já é praticada pelas instituições financeiras e empresas, emitindo debêntures, como se estes títulos não fossem dívida. Trilhando esse caminho, as empresas e as instituições financeiras, estão apenas aumentando o seu passivo, o que a meu ver, não contribui positivamente para aplacar os riscos sinalizados.
Insisto que o BC e o FGC deveriam submetê-las a um teste de “stress”, ou seja, como elas se comportariam em um cenário de venda forçada dos seus ativos, para fazer frente ao passivo assumido, levando em consideração a taxa e prazos médios. Garanto que seria observado um grande descasamento.
A única diferença entre o teste de “stress” e o índice da Basileia é que o segundo identifica uma alavancagem excessiva, podendo as instituições continuarem tendo liquidez.
Como se sabe, as instituições financeiras não são obrigadas a colocar os seus ativos à taxa de mercado, o que ocorre com os fundos, obrigados todo mês a valorizar as suas carteiras seguindo as taxas correntes.
Seja como for, a maioria das empresas que emprestaram há 5/10 anos utilizaram uma taxa média de 5% aa. A SELIC por sua vez, tem se mantido em 13,75 % aa por um longo período. O descasamento é gritante.
Algumas empresas do varejo também caíram nessa armadilha, recorrendo às debêntures e agora, grande parte delas, está recorrendo à Recuperação Judicial.
Hoje a Serasa evidencia bem esse quadro, no estudo sobre Recuperação Judicial.
Enquanto esse teste de “stress” não for realizado, ninguém vai se convencer da solidez do nosso ecossistema financeiro.
LUIZ CEZAR FERNANDES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)
* Luiz Cezar Fernandes é financista