Ela nos mostrou que é possível uma mulher fazer o que bem quiser
Não é fácil ser ovelha negra. Aliás, ser ovelha num mundo de carneiros e cabras-machos, por si só, já é um desafio.
A menina branquinha de olhos claros arrombou a porta e esculhambou a festa da caretice. Ela não se curvou aos costumes, à pressão familiar, à mordaça da ditadura ou a qualquer tipo de prisão. Rita sempre foi livre.
Rita não seguiu o roteiro esperado para uma mulher da sua época. Não era comportada, não era submissa, não queria ser santa. Ela entrou de cabeça no mundo masculino do rock e virou rainha.
Quando todo mundo já tinha se conformado com sua transgressão, tipo “essa aí não tem mais jeito mesmo”, ela transgride mais ainda e resolve virar esposa e mãe. A maternidade parecia que não cabia naquela personagem, mas, como tudo nela é intenso, veio logo em dose tripla.
Acostumados a perder ídolos rebeldes na juventude, ela transgride de novo e avança na idade. Rita não apenas envelheceu, mas assumiu e curtiu a velhice. Ela mostrou que uma jovem inconformada pode se transmutar em uma velha sábia.
Miss Lee viveu cada fase de sua vida com intensidade, aproveitando todas as possibilidades de cada tempo.
E como não lembrar a maior das transgressões: a porra louca, a drogada, a destrambelhada, quem diria, viveu um grande amor.
Rita sempre fez e falou o que quis, sem procurar se enquadrar em caixas ou rótulos.
Ela cabia em qualquer lugar. E vai continuar cabendo.
Ela nos mostrou que é possível uma mulher fazer o que bem quiser.
CLÁUDIA ABREU ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)