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“Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum”, disse Bolsonaro. GGN confirmou que documento para turista era obrigatório
Jair Bolsonaro ingressou nos Estados Unidos no dia 30 de dezembro com passaporte diplomático, o que o inibe, efetivamente, de apresentar a carteira de vacinação. Mas no dia 30 de janeiro deste ano, ele deu entrada no pedido de visto como turista. Para este documento, ele precisaria comprovar vacinação contra a Covid-19.
Nesta quarta-feira (03), o ex-mandatário foi alvo de uma operação que expôs a falsificação no Ministério da Saúde dos registros de vacinação contra a Covid-19 de Jair Bolsonaro, de sua filha Laura, de 12 anos, e de ex-assessores.
O ex-presidente teve seu celular apreendido pelas autoridades e foi intimado a depor, mas recusou e não compareceu ao depoimento. Em resposta à imprensa, ele confirmou que não tomou o imunizante e disse que “não existe adulteração [da carteira de vacinação] da minha parte”.
Os investigadores, contudo, confirmaram que o seu então ajudante de ordens, Mauro Cid, articulou e operou um esquema para a falsificação dos documentos de Bolsonaro e de sua filha, Laura, assim como de assessores que viajaram com ele aos Estados Unidos.
Segundo a PF, nos dados de Bolsonaro no Ministério da Saúde, aparecem duas doses de vacina contra Covid-19, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
Bolsonaro também alegou que “nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum”, sobre o seu ingresso aos EUA.
O GGN checou a informação:
Quando viajou ao país, Jair Bolsonaro portava o passaporte diplomático. Segundo a legislação do país, diplomatas e chefes de Estado não precisam apresentar comprovante de vacinas contra a Covid-19.
Entretanto, com a derrota nas eleições, no dia 30 de janeiro deste ano, Bolsonaro teve seu visto diplomático vencido e precisou dar entrada no pedido de visto de turista (visto B2).
A mudança para o status de turista exige uma série de documentos, entre eles, a comprovação de que a pessoa tomou a vacina contra a Covid-19.
A informação desse requisito foi confirmada, em janeiro deste ano, pelo porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price. Ele explicou que a mudança do status de migrante deveria ser feito em até 30 dias após o vencimento da condição diplomática.
No dia 27 de janeiro, a empresa AG Immigration, que representou Bolsonaro no pedido de extensão do visto, confirmou que havia ingressado os documentos do ex-presidente para obter o visto de turista.
Caso não tenha sido apresentado um comprovante de vacinação contra a Covid-19, o visto poderia ser negado. E enquanto o pedido estivesse pendente de análise das autoridades norte-americanas, o ex-mandatário poderia permanecer no país, devendo deixar o país imediatamente após a negativa.
O ex-mandatário retornou ao Brasil no dia 30 de março, dois meses após o visto diplomático ter vencido.
As informações sobre os registros de vistos são confidenciais e nem a empresa, nem o próprio ex-presidente confirmaram se ele obteve o visto de turista e permaneceu no país, durante esse período, com o novo status migratório.
PATRICIA FAERMANN ” JORNAL GGN” ( BRASIL)