A RETINTA RIÁH

Salve, Riáh!

É movido pelo mais puro entusiasmo que ora escrevo. Voltemos no tempo: lendo as postagens do grupo Uma Terra Só, do qual fazemos parte, notei que tu postaste o Retinta, teu álbum recém-lançado, gravado com o apoio do Funcultura-PE.

Fui a ele. Encantei-me! Continuei a ouvi-lo e enviei mensagem solicitando detalhes sobre teu ofício.
Percebi então que tu, nascida em Garanhuns (interior de Pernambuco), de descendência xucuru ororuba, carregas a ancestralidade que permite dar asas à tua musicalidade. Isso fazes com sambas, cantigas e música eletrônica, num coquetel sofisticado e popular, impregnado por tuas raízes de mulher música, mulher luz, que tem o Brasil no sangue nordestino. E mais, Riáh, tens licenciatura em música com habilitação em canto popular pelo Instituto Federal de Pernambuco (IFPE)…

Senti firmeza em tuas aptidões, que percebi como natas, tais como afinação, suingue, dicção e, acima de tudo, bom-gosto, predicados que certamente acelerarão teu futuro profissional.

“Obá de Xangô” (Riáh) abre a tampa. O vigor se manifesta nas pegadas rítmica e instrumental. Gilberto Bala recita louvores a Xangô. A batera traz a força, enquanto tu, com a alma em festa, cantas versos em iorubá, a língua dos orixás.

“Venho de Longe” (PC Silva) tem a batera triscando o prato. O baixo pontua. O teclado vibra. A guitarra sola. A viola improvisa no intermezzo. O suingue brota profundo. Com reverber na voz, tu cantas versos que parecem escritos para ti.

“Água Boa”, de Ceumar e Beto Freire, abre com a batera e o teclado. E tu entoas os versos engajados, mais do que imprescindíveis nesses tempos de negacionismo raso.

“Retinta” (Dea Trancoso) traz a puxada nordestina para o proscênio. Tu, altaneira de tudo, cantas e arrasas. Agudos vêm afinados. Tua voz amplifica o universo pernambucano – salve, salve, ele!

“Tour” (Isabela Moraes) te vê amorosa como só. O arranjo é teu bom amigo.

“Água Mãe” (Laura Cândida) confirma que a água é teu porto seguro, a natureza da tua proteção.
“Pra Chuva Cair”: olha a água te acolhendo novamente, mulher! Como uma prece, o rogo soa certeiro e lindo.

“Cangibrina” (Kleber Albuquerque), com letra sapeca, tem o baixo que desenha e o teclado que ajusta a pisada do baião.

“Cortei o Dedo” (Carlos Careqa) fecha a tampa. Com jeitão só dele, Careqa põe a música em tuas mãos, Riáh, e não negas fogo. Os versos fluem em todos os sentidos, desde os previstos aos ainda a perceber, dando emoção definitiva a um álbum formidável… Pois é!

Mas antes de me despedir, Riáh, envio o meu carinho irrestrito a ti e à tua música!

Aquiles.

Ficha técnica: concepção artística, direção musical e viola dinâmica: Hugo Linns; produção musical: Riáh e Hugo Linns; coprodução: Ricardo Fraga e Guga Fonseca; arranjos vocais: Riáh; arranjos: Riáh, Hugo Linns, Guga Fonseca e Ricardo Fraga; teclados e baixo synth Bass: Guga Fonseca; bateria e samples: Ricardo Fraga; mixagem e masterização: Vinícius Aquino; figurino: Xuruca Pacheco (minha querida amiga).

RIÁH ” OBÁ XANGÕ

AQUILES REIS ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)

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