Contribua usando o Google
Apesar de parecer sem sentido, o bolsonarismo pode ser explicado pela psicologia, a partir da teoria da dissonância cognitiva
Acreditar em mamadeira de piroca, na distribuição de kit gay nas escolas, na prisão do ministro Alexandre de Moraes e até que um político de carreira que mal conseguiu elaborar projetos de lei salvaria o País são apenas algumas das certezas dos eleitores mais convictos de Jair Bolsonaro (PL).
E apesar de parecer sem sentido, o bolsonarismo pode ser explicado pela psicologia, a partir da teoria da dissonância cognitiva. A primeira relação entre ambos os termos foi feito por João Cezar de Castro Rocha, autor da obra Guerra Cultural e Retórica do ódio: Crônicas de um Brasil Pós-político.
“No livro está bem claro que a dissonância cognitiva capturou milhões de pessoas que passaram a se informar exclusivamente na midiaesfera extremista”, afirmou Fabiano Horimoto, psiquiatra convidado da TV GGN desta terça-feira (18).
Fenômeno antigo
A dissonância cognitiva não é um fenômeno recente. Horimoto explica que o criador da teoria foi o psicólogo social Leon Festinger, ainda na década de 1950. Naquela época, uma dona de casa chamada Dorothy Martin dizia receber mensagem do planeta Clarion.
A mensagem interplanetária dizia que o mundo ia acabar em 21 de dezembro de 1954, mas que os escolhidos escapariam do destino trágico. No entanto, as pessoas se reuniram naquela noite e perceberam que nada aconteceu. Como justificativa, Dorothy afirmou que o campo energético criado pelos escolhidos criou vibrações que anularam o cataclisma.
“Se Festinger estivesse vivo, ele estaria em êxtase, porque o que ele veria, tanto no episódio de Capitólio nos Estados Unidos, quanto aqui no 8 de Janeiro, foi um estado de dissonância cognitiva total”, aposta o psiquiatra.
Mas tem cura?
Horimoto ensina ainda que todos temos ideias, crenças e convicções. Quando nos deparamos com informações confluentes, que estão de acordo com as nossas crenças, concordamos. Já as informações distintivas vão ao encontro do que acreditamos, mas não causam choque.
O grande problema está em como lidamos com informações oponentes, que contradizem nossas ideias. “Quando o radical está recebe informações de que o golpe de Estado está iminente, e a mídia tradicional diz que é uma teoria da conspiração, isso choca e agride a pessoa na sua convicção. Daí a raiva e, na sua escalada maior, a violência.”
Assim, o psiquiatra conta que o extremista-radical (e também os bolsonaristas mais convictos) dificilmente deixa o estado de dissonância cognitiva severa.
Assista a entrevista com Fabiano Horimoto na íntegra no canal do Youtube no GGN. Aproveite para apoiar o jornalismo independente: curta o vídeo, se inscreva no canal e seja membro da nossa comunidade. Você também pode ser assinante clicando aqui.
CAMILA BEZERRA ” JORNAL GGN” ( BRASIL)