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Pedido foi protocolado na segunda (27), dia em que Tacla Duran depôs pela primeira vez na Lava Jato, perante o juiz Eduardo Appio
O advogado Rodrigo Tacla Duran protocolou na segunda (27), na 13ª Vara Federal de Curitiba, palco da Lava Jato, um pedido para ser tratado pelas autoridades brasileiras como “testemunha protegida” nas ações que envolvem a Odebrecht.
Tacla Duran requer que os direitos de testemunha protegida sejam aplicados em solo brasileiro “nos mesmos moldes e termos das que já foram outorgadas pelas autoridades panamenhas” em 2017, quando ele firmou um acordo de cooperação internacional para prestar informações sobre os supostos delitos cometidos pela Odebrecht.
O acordo com o Panamá foi firmado com conhecimento da Procuradoria-Geral da República e, segundo Tacla Duran, lhe garantiu “imunidade penal judicial, com fundamento no artigo 37.3 da Convenção de Mérida, sobre os fatos descritos no aludido compromisso de cooperação jurídica internacional, quais sejam: ‘os abarcados nas investigações envolvendo supostos delitos cometidos pela empresa Odebrecht, ou através dela, de seus diretores e empregados, bem como por outras empresas investigadas no caso Lava Jato em diversos países’.”
No ato encaminhado ao juiz Eduardo Appio, Tacla Duran pede deferimento para viabilizar seu retorno ao Brasil. “(…) que o DRCI comunique as autoridades espanholas, o status de testemunha protegida (…) com o fito de viabilizar o comparecimento do mesmo, em território brasileiro.” O DRCI é o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça.
Ouvido pela primeira vez no Brasil, Tacla Duran já colaborou com os Ministérios Públicos da Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru, Portugal, República Dominicana e Venezuela. No Panamá, onde ocorreu sua primeira cooperação, ele firmou um acordo que lhe garantiu proteção à testemunha e imunidade processual.
O advogado alega que quando a Lava Jato em Curitiba iniciou uma “perseguição” contra ele, o status de testemunha protegida já estava estabelecido no Panamá.
Ameaça de delator
Para justificar o pedido, Tacla Duran argumentou a extinta força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato, então coordenada por Deltan Dallagnol, recebeu de autoridades dos EUA informações de maneira ilegal – ou seja, burlando a comunicação oficial, que deveria fluir por meio do DRCI.
Nas mensagens a um dos procuradores de Curitiba, agentes dos EUA afirmam que tomaram conhecimento de que um delator chamado Vinicius Veiga Borin teria feito ameaças a Tacla Duran, para deixar aquele País e jamais retornar ao Brasil. As mensagens foram reveladas pela Operação Spoofing.
Moro, Dallagnol e extorsão
Tacla Duran ganhou os holofotes da mídia após afirmar que, no bojo da Lava Jato, recebeu um pedido de pagamento de propina por parte do advogado Carlos Zucolotto, amigo pessoal de Sergio Moro.
Em troca da propina de 5 milhões de dólares, Zucolotto supostamente iria facilitar um acordo de delação com Tacla Duran e preservar seus fundos no exterior junto ao MPF em Curitiba.
Na segunda (27), Tacla Duran citou Moro e Dallagnol no depoimento tomado pelo juiz Eduardo Appio. O advogado disse que Dallagnol patrocinou uma “perseguição” judicial por “vingança”, tudo porque Tacla Duran supostamente teria se recusado a aceitar a “extorsão” do amigo de Moro.
Leia a íntegra do pedido abaixo:
CINTIA ALVES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)