O PCC NASCEU DO DESRESPEITO À LEI DE RESPONSABILIDADE PENAL NO SISTEMA CARCERÁRIO, DIZ O CIENTISTA LUIS EDUARDO SOARES

O antropólogo, escritor, doutor em Filosofia e um dos maiores especialistas em segurança pública do País, Luiz Eduardo Soares. Foto: Camila Cardoso/Sinpef
O antropólogo, escritor, doutor em Filosofia e um dos maiores especialistas em segurança pública do País, Luiz Eduardo Soares. Foto: Camila Cardoso/Sinpef

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Antropólogo e um dos maiores especialistas em segurança pública no País, Soares fala à TVGGN sobre a expansão do PCC. Assista

O noticiário nacional foi tomado na quarta-feira (22) por uma enxurrada de manchetes sobre uma operação da Polícia Federal que desbaratou uma quadrilha ligada ao PCC, com planos para sequestrar e executar autoridades públicas, entre elas, Sergio Moro. O assunto entrou na pauta do programa TVGGN 20 Horas, apresentado pelo jornalista Luis Nassif no Youtube.

Nassif entrevistou Luiz Eduardo Soares, antropólogo, escritor e um dos maiores especialistas em segurança pública no País, que aprofundou a questão referente ao PCC, explicando como a facção criminosa foi fundada e continua se expandindo intensamente, sob o nariz – ou até com a conivência – dos donos do poder.

Com quase 900 mil presos, o Brasil ostenta hoje a terceira maior população carcerária do mundo. É exatamente da incapacidade do Estado em tratar as prisões com “dignidade e respeito à legalidade”, que o PCC e outras facções criminosas tiram proveito para formar seu exército.

“O PCC nasceu no e do sistema penitenciário, e do desrespeito à lei de execução penal”, resume Luiz Eduardo Soares. “O PCC tem vocação empresarial e se multiplica por muitas razões, mas essa [o encarceramento em massa] é a fonte.”

Soares comenta que a grande maioria de presos no País é formada por jovens negros, geralmente vistos como “os varejista do comércio de drogas”. Eles são detidos sem armas e sem vínculos com facções, mas logo têm sua revolta com o sistema canalizada, e são cooptados pelo crime.

“Para sobreviver, esse jovem encarcerado tem que trocar sua vida por um futuro vínculo, que antes não existia, com facções criminosas. Estamos contratando violência futura”, pontua Soares.PUBLICIDADE

Privatização do sistema penitenciário

Enquanto algumas autoridades ou instituições batem cabeça sobre como sair desse buraco, há, por outro lado, os entusiastas da privatização de presídios, uma ideia que, na visão de Luiz Eduardo Soares, é um “absurdo completo”.

“Isso cria um interesse no encarceramento, ou seja, na produção criminal. Além de ser uma forma de o Estado lavar as mãos, terceirizar suas responsabilidades. Se cumprissem a Lei de Execuções Penais [dentro dos presídios], não precisaria de intervenção.”

Na avaliação de Soares, o governo federal precisa compreender que não basta investir em educação, geração de empregos e políticas sociais para ver o País progredir. É preciso olhar para a situação dos presídios e enfrentar questões transversais ao tema.

“O governo federal precisa tratar presídios com dignidade e respeito à legalidade, e destravar as discussões sobre políticas de drogas, guerra às drogas e o encarceramento em massa por quaisquer violações. Isso tem sido a reprodução do racismo e desigualdades.”

Assista a entrevista completa abaixo:

CINTIA ALVES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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