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Lula falou sobre novas regras fiscais, indicações ao STF e PGR, reforma do ensino médio e relembrou prisão
O presidente Lula afirmou que as novas regras fiscais serão divulgadas somente em abril, após voltar da China; não confirmou que o seu advogado Cristiano Zanin será o próximo ministro do STF; disse que cobrará do Banco Central a redução da taxa básica de juros; prometeu debater a reforma do ensino médio com educadores e a sociedade.
As declarações foram dadas em entrevista exclusiva ao portal Brasil247, nesta terça-feira (21).
Arcabouço Fiscal
“Vou fazer o marco fiscal, quero mostrar ao mundo que tenho responsabilidade”, garantiu Lula sobre as novas regras fiscais, e acrescentando que não é necessária pressa. “Seria estranho anunciar e sair do país”, completou.
Neste sábado (25), o presidente viaja a China junto com a comitiva, que inclui o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “O Haddad não pode comunicar uma coisa e sair. Seria estranho, anuncio e vou embora. Precisa anunciar e ficar aqui para debater, conversar com o sistema financeiro, com o Congresso, com os ministros.”
Mas ele adiantou que “a proposta já está madura” e que, caso não viajasse, a medida seria divulgada ainda nesta semana. Por enquanto, o ministro da Fazenda já está fazendo ponte com congressistas, discutindo a proposta. Lula destacou que “o que precisamos é fazer [as restrições fiscais] com muito cuidado, porque não podemos deixar faltar recurso para a educação ou saúde”.
Ainda sobre a área econômica, Lula cobrou do Banco Central que a taxa de juros baixe, mesmo que as medidas de arcabouço fiscal não sejam divulgadas nesta semana. Chamou a taxa de 13,75% ao ano de “absurda”.
“Em um momento que não existe crise de demanda, excesso de demanda, temos 33 milhões de pessoas passando fome, desemprego. Não há nenhuma razão, explicação, lógica. Só quem concorda com juros altos é o sistema financeiro.”
Em duras críticas, também disse que o presidente do Banco Central “não tem compromisso com a lei”, e que é preciso “cuidar da inflação, do crescimento, coisa que ele [presidente do BC] não se importa”.
Escolhas para o STF
Em outro momento esperado da entrevista, Lula não confirmou que seu advogado Cristiano Zanin será o próximo ministro da Suprema Corte. Ele afirmou que não tem um compromisso com Zanin para indicação e que não irá indicar ninguém “por ser amigo”.
“Quero indicar alguém que seja competente do ponto de vista jurídico e que esse cidadão esteja lá para que a Constituição seja respeitada.”
Mas afirmou que “Zanin foi uma grande revelação jurídica nesses últimos anos, uma revelação extraordinária, fez coisas que outros advogados não fariam”, em referência à defesa incisiva da Constituição e dos direitos de Lula, que foram retirados durante o processo da Lava Jato, levando inclusive os processos às Nações Unidas e conseguindo da ONU uma obrigatoriedade do Brasil com a garantia da inocência do ex-presidente.
Lula confirmou, por outro lado, que “não será alguém do PT” e que a decisão não está tomada. “Eu não sei quem vou indicar, eu não tenho compromisso oficial com ninguém, com ninguém. Então, é um problema meu. No dia que eu tiver que tomar a decisão, eu vou sentar sozinho e tomar a minha decisão e vou mandar o nome para o Senado.”
“A única coisa que eu tenho certeza é que eu não vou escolher mais lista tríplice”, assegurou o presidente, por outro lado, sobre a escolha do próximo Procurador-Geral da República (PGR).
De acordo com Lula, o corporativismo formado dentro do Ministério Público Federal pela força-tarefa da Lava Jato prejudicou a imagem do órgão. “Aliás, quase destruíram a imagem da seriedade do Ministério Público. Um bando de moleque irresponsáveis”, criticou Lula, sobre a Lava Jato.
Relembrou prisão
Também sobre os processos, Lula relembrou os momentos da prisão, afirmando ter sido “momento de resistência”. “Quantas vezes eu deitava naquela cama, de barriga para cima, olhando para o teto… é preciso muita força para sobreviver aquilo. Nem todo mundo suporta isso.”
Emociou-se ao relembrar os momentos mais difíceis, incluindo a morte de sua ex-esposa Marisa Letícia e de seu irmão Vavá, do qual foi impedido de ir ao enterro. Disse que “foi um processo de destruição”.
Fim do Novo Ensino Médio?
Por fim, Lula também tratou da revogação do Novo Ensino Médio. O presidente disse que a proposta implementada em 2017, durante o governo de Michel Temer, deve ser debatida com a sociedade e que está acatando às críticas da sociedade, educadores e estudantes.
“Não vai ser do jeito que está. Para que a gente possa fazer uma coisa que seja agradável para o governo mas também aos estudantes”, afirmou.
PATRICIA FAERMANN ” JORNAL GGN” ( BRASIL)