A COMUNIDADE GGN NO SARAU DA DEMOCRACIA , NO CLUBE DO CHORO DE BRASÍLIA

Hoje em dia, Brasilia é um dos grandes centros musicais do país, ao lado do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Recife. E graças ao grande Reco.

Quem viu, disse que foi inesquecível. Graças ao meu amigo Reco do Bandolim, o maior empreendedor cultural do país.

A idéia do Sarau foi da Eugenia Gonzaga, na própria segunda-feira. Entramos em contato com Reco. O clube estava fechado, mas ele se dispôs a abrir e a convocar uma roda de músicos.

Montamos o cartaz, espalhamos pelos grupos de WhatsApp e redes sociais, e a notícia se alastrou como um bólido. Inicialmente, prevíamos 60 pessoas. O clube lotou, de tal maneira que a governadora eleita do Pará, Ana Júlia, precisou entrar pela cozinha.

E de todos os cantos brotaram músicos, cantoras, cantores, flautistas, violeiros, mostrando que Brasilia se tornou um dos centros referenciais de música, após as experiências pioneira da Universidade Nacional de Brasília e, especialmente, do Clube do Choro.

Lembro-me bem do início. Nos 80 anos do Banco do Brasil foi montado um show por Solon, um produtor de muita imaginação. Como eu havia escrito bastante sobre a importância econômica e diplomática da música, ele me convidou para abrir o evento para uma pequena fala, visando sensibilizar os presentes – alta diplomacia brasiliense – sobre a relevância da cultura.

O show era com uma orquestra de Tatuí, regida pelo maestro Amilson Godoy, todos vestidos a caráter. Sugeri encerrar o show com Zé Keti, sozinho no palco, e umn violão, cantando “Eu sou o samba”. Foi inesquecível, especialmente porque, terminada a música, Zé Keti não queria sair do palco. Já tinha dificuldades para andar e saiu carregado por dois seguranças – com todo respeito e todos os aplausos.

Aparentemente, o discurso pegou. Semanas depois houve um evento em São Paulo, com autoridades do governo Fernando Henrique Cardoso. Cheguei meio atrasado. Em uma mesa estavam Paulo Ximenes, presidente do Banco do Brasil, Pedro Parente (não me lembro qual o cargo dele na ocasião) e Clóvis Carvalho, do Gabinete Civil. Ao me verem, me chamaram à mesa para uma conversa. Os presentes devem ter imaginado que contavam algum segredo de Estado.

Apenas queriam saber se eu conhecia a iniciativa do Clube do Choro, para poderem apoiar. Nem preciso dizer minha resposta.

De lá para cá, graças a Reco, o Clube se tornou uma referência nacional. Foi lá que lancei em Brasilia meu CD “Roda de Choro” e alguns lançamentos de livros.

Nos últimos anos, Reco teve que enfrentar o sentimento anti-cultura do governo que sai. Lutou feito um tigre para manter o Clube do Choro aberto.

No Sarau da Democracia deu para ver os frutos do seu trabalho, uma multidão de músicos de primeiríssima brotando nas apresentações. Hoje em dia, Brasilia é um dos grandes centros musicais do país, ao lado do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Recife. E graças ao grande Reco.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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