De um especialista na região
Mineradores clandestinos, posseiros, traficantes de madeira e fazendeiros que estão financiando todos os movimentos rebeldes
Uns dois ou três anos atrás, uma ex-aluna minha começou a namorar um camarada que tinha quatro fazendas no norte do Pará. Ele comentou comigo que já estava lavrando ouro nas suas terras desde a posse de Bolsonaro. Quando eu questionei se ele tinha concessão de lavra, ele disse que era amigo do Flávio e que não precisava.
Eu não tenho provas do que estou dizendo, mas fiquei de orelha em pé, pois sei que o grosso dos pedidos de pesquisa para ouro na Agência de Recursos Minerais, antigo DNPM, está nas mãos de duas empresas, a Santa Elina e a Rio Tinto, ambas com capital da Anglo-América.
O que ficou claro para mim é que garimpeiros e fazendeiros congregaram-se para explorar a Amazônia. Os posseiros desmatam, os fazendeiros compram a terra e os garimpeiros mineram clandestinamente nas terras deles. Isso ajuda a explicar as falas do Bolsonaro acerca de a Amazônia já não nos pertencer. Para mim, é esse grupo formado por mineradores clandestinos, posseiros, traficantes de madeira e fazendeiros que estão financiando todos os movimentos rebeldes.
O lado mais civilizado, representado pelo agronegócio, pelo mercado financeiro e rentistas em geral, quer a direita no poder, mas não a barbárie. O governo de Bolsonaro levou as milícias e o crime organizado ao paroxismo.
Hoje, esse pessoal está agindo com tanta liberdade porque tem igrejas evangélicas para lavar rios de dinheiro. Uma coisa que ajudaria muito é obrigar todos os templos a terem uma roleta na entrada e identificar as doações pelo CPF do doador. Ou então só aceitar doações por PIX.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)