Há expansão das milícias para Angra dos Reis, o que explicaria Bolsonaro querer cassinos na região. A vinda para São Paulo seria catastrófica
Um dos pontos delicados de uma eventual vitória do candidato bolsonarista em São Paulo é a questão das disputas entre organizações criminosas.
Em 2006, o então Secretário de Segurança de São Paulo, Saulo de Castro Abreu, foi o responsável por dois massacres, o de Castelinho – uma emboscada que matou diversas pessoas em um ônibus – e os episódios sangrentos de maio, no qual mais de 800 pessoas foram mortas pela Polícia Militar, em represália a uma ofensiva do PCC.
Nos meses seguintes, houve um acordo de paz entre o governo de Estado e o PCC. Este passou a controlar os presídios e vastos espaços geográficos da cidade de São Paulo. Profissionais, reduziram a pequena criminalidade, os crimes individuais, para não atrapalhar seu negócio principal, a venda de drogas.
Nesse período, prosperou outro tipo de organização criminosa no Rio de Janeiro, as milícias, umbilicalmente ligadas à família Bolsonaro. Eram egressos dos porões da ditadura e PMs corruptos que passaram a dominar territórios e a impor o terror e a venda de proteção, a venda ilegal de gás, a construção ilegal de prédios.
Há manifestações de Jair Bolsonaro propondo a expansão das milícias para outros Estados, como forma de garantir a segurança.
Uma eventual vitória de Tarcísio, de um lado, significaria o rompimento do pacto PSDB-PCC. De outro, abriria espaço para a invasão de São Paulo pelas milícias. As disputas políticas e a guerra moral deixou para segundo plano a parte mais letal do bolsonarismo: as ligações com as milícias e seus escritórios do crime.
Daí a relevância das eleições paulistas, tão importantes quanto as nacionais. Não apenas pela falta absoluta de experiência de Tarcísio – cujo leque de conhecimento se resume a obras físicas -, como pelo fato de representar o bolsonarismo e suas imbricações com o crime organizado – mesmo que ele, Tarcísio, ainda não tenha envolvimento pessoal com as milícias.
No momento, já há uma expansão das milícias para a região de Angra dos Reis, o que explicaria o interesse manifestado por Bolsonaro, tempos atrás, de abrir a região para os cassinos. A vida para São Paulo seria catastrófica.
Não apenas a violência disseminada acompanharia as milícias, mas também a infiltração nas PMs e a corrupção policial.Veja mais sobre:milícias bolsonaristas, Tarcísio de Freitas
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)