Bolsonaro abre vantagem numa segunda faixa salarial, pode colher mais votos de Tebet que Lula, e 50% pensam que ele merece uma 2ª chance
Se tem uma coisa que o primeiro turno da eleição presidencial de 2022 ensinou aos brasileiros sobre as pesquisas eleitorais, é que elas não são “descritivos de corrida de cavalo”. Não basta olhar as intenções de voto para checar quem está na frente. O placar final nem sempre explica o jogo, como diz Felipe Nunes, diretor da Quaest.
Nesta quinta (6), a primeira pesquisa Genial/Quaest após o primeiro turno mostra Lula (PT) à frente de Jair Bolsonaro (PL). Mas dentro da pesquisa há dados que deveriam acender um sinal amarelo na corrida presidencial.
O placar
A pesquisa mostra que Lula tem entre 46% e 50% das intenções de voto, considerando a margem de erro de dois pontos. Bolsonaro está atrás, oscilando 39% até 43%.
Se a eleição fosse hoje, Lula sairia vitorioso, pois tem entre 52% a 56% dos votos válidos. Já o teto de Bolsonaro é 48% dos votos válidos, e 44% o piso.
Para além do placar, o que deveria preocupar a campanha de Lula?
50% acham que Bolsonaro merece uma segunda chance
Primeiro, o seguinte dado: 50% dos eleitores agora acham que Bolsonaro merece uma segunda chance na Presidência.
Na pesquisa Quaest anterior, 44% responderam que ele merecia uma segunda chance, ou seja, houve um crescimento acima da margem de erro no quesito “merecimento”.
A métrica não é irrelevante, muito pelo contrário. Quando as urnas foram abertas em 2 de outubro e Bolsonaro apareceu com 43% da votação final, foi este índice, o “merecimento”, que o CEO da Quaest usou para explicar à imprensa que pesquisas precisam ser lidas para além das intenções de voto.
Antipetismo e antibolsonarismo têm a mesma dimensão
A fotografia da corrida presidencial feita pela pesquisa mostra ainda que enquanto o medo da volta do PT vem aumentando a cada rodada, o medo da continuidade do governo Bolsonaro oscilou para baixo. Hoje, estão em situação de empate técnico, dentro da margem de erro.
Outro dado que chama atenção é que a força do antipetismo é similar à força do antibolsonarismo como motivação para o voto. Entre os eleitores de Bolsonaro, 45% afirmam que votaram no líder de direita para impedir que o PT volte ao poder. Já entre eleitores de Lula, votar em Bolsonaro para sacá-lo do poder foi a motivação de 42%.
Maioria dos eleitores de Tebet preferem Bolsonaro
Outra informação relevante é que a maioria dos votos da presidenciável Simone Tebet (MDB), que declarou apoio a Lula no segundo turno, tendem a migrar para Bolsonaro.
“Entre os eleitores que votaram em Ciro Gomes no primeiro turno, 39% pretendem votar em Lula, e 26% em Bolsonaro. Entre os eleitores que votaram em Tebet, 34% pretendem votar em Bolsonaro e 25% em Lula”, informa a equipe da Quaest.
Lula recua no Nordeste e perde uma segunda faixa salarial para Bolsonaro
Há ainda outros dados importantes dentro da pesquisa. Lula lidera disparado no Nordeste, mas a distância para Bolsonaro recuou de 49 para 33 pontos, depois que a preferência pelo petista na região caiu de 71% para 62% entre as pesquisas, e a de Bolsonaro subiu de 22% para 29%.
A pesquisa também mostra que há muito mais votos brancos e nulos para serem virados no Sul e Sudeste, regiões onde Bolsonaro lidera e venceu no primeiro turno.
Além disso, Bolsonaro começa o segundo turno 6 pontos a frente de Lula na faixa de renda de 2 a 5 salários mínimos, que vinha sendo dominada pelo petista em rodadas anteriores.
CINTIA ALVES ” JORNAL GGN” ( BRASIL)