Os textos de Rubem Braga e Julian Fux indicam, há quase um século, que havia lugar para um Silva em nossa história. Está claro quem se mostrou capaz de ocupá-lo
Desde as 6h da manhã de 24 de setembro de 2022, encontra-se disponível na internet a mais bela e contundente argumentação sobre a eleição presidencial brasileira.
O texto se chama “A família Silva no poder: uma profecia de Rubem Braga”. O autor é Julian Fuks, escritor que coleciona prêmios importantes desde cedo, tendo vencido o primeiro de Jabuti aos 34 anos.
O Silva de seu texto é ele mesmo — Luiz Inácio Lula, candidato presidencial nas urnas de domingo, 2 de outubro — e sua matéria-prima encontra-se numa das mais belas crônicas de nossa literatura, registrada pela pena única de Braga, que descreve “a morte de um desconhecido, um sujeito pobre chamado João da Silva, morto por hemoptise, enterrado na vala comum da miséria”.
Unindo o Silva de Braga, imortalizado em 1935, há 97 anos portanto, e aquele que podemos chamar de nosso, Fuks sublinha a solidariedade profunda e verdadeira de palavras que resistem há século como testemunho de nossa melhor literatura, aquela onde ficção e realidade se encontram num momento mutuamente proveitoso.
“No fundo, somos os Silva,” escreveu Rubem Braga, num texto ciente da própria aspereza. “Quando o Brasil foi colonizado nós eramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos os imigrantes, mestiços. Somos os Silva”.
Universal e única, em outubro de 2022 a caminhada de Luiz Inácio Lula da Silva aponta para um destino único para 215 milhões de brasileiros.
Em conjunto, os textos de Rubem Braga e Julian Fux indicam, há quase um século, que havia um lugar para um Silva em nossa história. Está claro quem se mostrou capaz de ocupá-lo.
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PAULO MOREIRA LEITE ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)