O GÁS RUSSO E A CRISE ECONÔMICA DA EUROPA

Há uma corrida para armazenamento de gás, a ponto da Comissão Europeia definir uma meta de 80% de armazenamento até o início de novembro

A era da insensatez começa quando países, instituições, mídia, perdem a noção das consequências de seus atos, do dia seguinte.

No Brasil, a insensatez ficou clara com a tentativa de destruição de um partido político pela Lava Jato, com Ministros da Suprema Corte arvorando-se em líderes salvacionistas, com grandes negócios irregulares sendo aprovados, sem análises mais aprofundados.

No mundo, esse clima ficou claro com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Em um primeiro momento, houve a condenação maciça da Rússia. Mas diplomacias mais sensatas deixaram claro que a única saída para a crise seria a diplomática, entre elas, o Itamarati. No Brasil, a diplomacia sofreu toda sorte de críticas de jornalistas econômicos, políticos, internacionais, ecoando o “dependa Rússia” que se espalhou pela mídia internacional.

Assim, em vez de uma pressão por um acordo de paz, os países da OTAN, liderados pelos Estados Unidos, decidiu armar a Ucrânia para infligir perdas econômicas à Rússia.

Não se pensou em alguns fatos óbvios:

1. A Rússia é uma nação atômica. No momento em que não encontrar saída, explode o planeta.

2. O boicote econômico imposto à Rússia e traria consequências pesadas para toda a economia mundial, devido aos impactos sobre energia e alimentos produzidos pela Rússia e pela Ucrânia.

No entanto, o desgaste generalizado dos governantes levou-os a uma radicalização, que coloca o mundo à beira de uma terceira guerra. As principais economias mundiais deram início a uma nova corrida armamentista.

E a crise econômica amplia a crise de forma generalizada. Nos últimos dias, a Gazprom, russa, passou a limitar mais ainda o fornecimento de gás e petróleo à Europa. A Agência Internacional de Energia já alertou para a eventualidade da Rússia suspender todas as exportações de gás no inverno.

Na semana passada, a Gazprom cortou o fornecimento de gás para a Nord Stream 1, principal gasoduto de gás natural da Europa. Cortou também o fornecimento de gás para a Polonia, Bulgária, França e Holanda.

Especialistas não vêem possibilidade da Europa substituir o gás russo no próximo inverno. Antes da guerra, a Rússia fornecia 40% do gás consumidor pela Europa. Esse volume torna quase impossível a substituição imediata do produto.

No início, os países europeus duvidavam do boicote russo. Agora, há uma corrida para armazenamento de gás, a ponto da Comissão Europeia definir uma meta de 80% de armazenamento até o início de novembro.

De sua parte, os Estados Unidos estão enviado Gás Liquefeito de Petróleo para a Europa, encarecendo a matriz energética do continente. Recorre-se também ao gás britânico, da Noruega e di Azerbaijão.

A previsão é de escassez de gás para setores intensivos, como a siderurgia.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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