Noticia a Folha que Jair Bolsonaro vetou a homenagem proposta pela senadora Eliziane Gama (evangélica, aliás) à Dra, Nise da Silveira, grande nome da psiquiatria brasileira ao usar a arte – e não tratamentos brutais – no tratamento de pacientes com problemas mentais, em lugar de lobotomia, eletrochoque e choques insulínicos.
Embora uma vergonha para um país que só há pouco se livrou do estigma dos manicômios-prisão, acho que a Dra. Nise se sentiria honrada com o veto presidencial: afinal, ela cuidava de psicóticos e não de sociopatas como o do Planalto.
A razão, é obvio, deve-se às ligações que Nise teve com o Partido Comunista, nas décadas de 30 e 40 e o qual foi expulsa, segundo ela própria, por críticas ao stalinismo. Não obstante, os obscurantistas como Bolsonaro continuaram a persegui-la e, numa história tragicômica, chegaram a faz uma “busca e apreensão” de documentos subversivos em seu apartamento no bairro carioca do Flamengo achando ali, segundo o relato do delegado gatos tirados do abandono, livros de Carl Jung e sua mãe, paralítica.
De forma enviezada, como compete a um sociopata, Bolsonaro o confessa, ao dizer veta a homenagem porque “prioriza-se que personalidades da história do país sejam homenageadas em âmbito nacional, desde que a homenagem não seja inspirada por ideais dissonantes das projeções do estado democrático”.
Num dos depoimentos da página do Itaú Cultural sobre Nise, um de seus ex-pacientes conta sobre como ela mandava internos trazerem seus cães e gatos e argumentava que “se cães e gatos, que são inimigos por instinto conseguem conviver pacificamente, porque seres humanos não podem fazer o mesmo”?
Bolsonaro, pelo visto, não é capaz desta proeza.
Nise, para ele, só a doutora Cloroquina.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)