DEIXEM QUE LULA SE CASE EM PAZ

Este blog e seu autor não têm o menor pendor para o colunismo social. Trata-se de um mundo estranho e incompreensível para mim, avesso a festas, ambientes chiques e roupas elegantes – acabo de ser obrigado a concordar, pelo frio, com que se doem minhas calças e camisetas vintenárias, cheias de puídos e histórias.

Não vou, portanto, cuidar do assunto do dia – casamento de Lula e Rosângela Janja – senão pelo curioso comportamento da imprensa, atentíssima ao preço dos vinhos nacionais e a todos os custos da festa de casamento de ambos, deixando de lado o que seria motivo para crônica: como a vida pessoal e o direito de ambos estão sendo manietados pelo clima de violência política que ela própria patrocinou neste país desde 2013, quando se entronizou a agressão como algo que pudesse ser legítimo na política.

(Por justiça, registro que Thomas Traumann o fez, sob outro ângulo, ontem, no Poder360)

Todo o mistério sobre a festa, é evidente, vem da preocupação – quase certeza – de que para lá serão expedidos “comandos” bolsonaristas para criar uma impressão de repúdio público ao adversário do atual presidente.

E para dar a impressão de que isso é legítimo, apela-se para a ideia de que será festa suntuosa, ainda que o máximo que se esteja alegando como ‘exageros’ sejam vinhos de 60 a 90 reais, e um espumante de R$ 130, algo que não está fora do alcance de qualquer família de classe média, numa ocasião especial.

Interesse público contido em notícias assim, portanto, absolutamente zero, embora se saiba do eterno pendor da mídia por Fofocas da Candinha.

Explorar os gastos, supostos ou reais, em festas de casamento não são novidade e quem leu Chatô, de Fernando Morais, lembra de como Assis Chateaubriand despachou o lendário repórter Joel Siveira para narrar os despilfarros da festa de casamento de Filomena, filha de Francisco Matarazzo, porque este, ao comprar as Folhas (da Noite e da Manhã), suas concorrentes no mercado paulista de jornais, despertou a ira do dono dos Diário Associados.

vale-tudo, portanto, é histórico. Mas nunca foi acompanhado de perigos físicos e violentos, como é hoje. E, nisso, é preciso que o jornalista tenha consciência de que não pode ser “inocente (ou nem tanto) útil” ao alimentá-los.

Por enquanto, a xeretice tem sido inócua e até prejudicial ao jornalistas.

FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLACO” ( BRASIL)

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