JOVENS JORNALISTAS, MIREM-SE NO EXEMPLO DE YAN BOECHAT

Mirem-se no exemplo de Yan Boechat. É capaz de denunciar os crimes de guerra de Putin, sem esconder as informações que levanta.

A construção do jornalismo brasileiro é um desafio similar ao da própria reconstrução do Brasil pós-Bolsonaro. Nos anos 90, o jornalismo brasileiro ensaiou uma tentativa tímida de pluralismo. A partir de 2005 vieram à tona os principais vícios do subjornalismo, a parcialidade, o uso da informação como propaganda política, a covardia de investir contra as ondas formadas, o espirito de delação, o maniqueísmo extremado, o carreirismo das chefias, que não atuaram como guardiões dos valores jornalísticos.

Não se tenha dúvida de que esse jornalismo foi o principal responsável pela sucessão de fatos que levou ao impeachment e colocou em dúvida o próprio futuro da democracia brasileira.

A reconstrução dependerá de jornalistas veteranos que preservaram a espinha dorsal nesses tempos bicudos. Mas, principalmente, da maneira como as novas gerações de jornalistas tratarão a informação e o jornalismo. A profissão ficou muito pobre de modelos a serem seguidos.

A Lava Jato expôs os vícios atrozes do jornalismo policial e político. Nos tempos bicudos da ditadura havia uma máxima para a cobertura policial: repórter é repórter, polícia é polícia. Quando os dois lados esquecem sua condição, ocorre um estupro da notícia. Nos últimos 15 anos, jornalistas se tornaram policiais, procuradores e policiais se tornaram jornalistas.

Agora, a cobertura da guerra expôs uma nova vulnerabilidade do jornalismo brasileiro: a enorme mediocridade da cobertura internacional. Há correspondentes sérios, procurando manter a objetividade. Mas os comentários e análises são de uma mediocridade e/ou parcialidade assustadoras, relevam a incapacidade de contextualizar fatos, de avançar além da polarização fácil, do bandido-mocinho, ou mesmo da exploração política despudorada das informações. A maioria dos analistas é incapaz de analisar mais que dois ângulos de um mesmo fato. E os que deveriam ser referências se perdem na nostalgia do clima de guerra fria dos anos 70.

É o padrão Datena de jornalismo internacional.

Escolhem um lado bom, outro lado mau, e trata de esconder qualquer fato que possa atrapalhar a compreensão do leitor ou obrigá-los a raciocínios mais elaborados. 

Aos jovens jornalistas, restará se espalharem nas exceções, nos grandes jornalistas que enfrentam o patrulhamento e não abrem mão do compromisso com a informação.

Fujam do jornalismo parcial, que trata um lado como bandido da Marvel e o outro lado como virtuoso total. Não fazem jornalismo. São meros propagandistas que instrumentalizam a informação e estupram o jornalismo.

Mirem-se no exemplo de Yan Boechat. É capaz de denunciar os crimes de guerra de Putin, sem esconder as informações que levanta.

Aqui, um exemplo do conteúdo do seu Twitter.

A legião estrangeira da Ucrânia

As mortes de soldados russos

As mortes de civis pelas armas russas

A resistência dos ucranianos

As decisões americanas que afetam terceiros

O caos e o medo na Ucrânia

A destruição de Mosul pelos Estados Unidos

A tragédia de Kiev

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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