QUEM SÃO OS DOIS PM QUE INTIMIDARAM A FAMÍLIA DE MOÏSE ?

CHARGE DE LOTUFF

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), deve à família de Moïse Kabagambe e à sociedade o esclarecimento rápido do assassinato do jovem congolês, com a necessária indicação do mandante. Deve também uma outra apuração: quem são os dois policiais militares que por três vezes tentaram intimidar a família da vítima quando os parentes buscavam saber detalhes do crime?

É uma informação simples de conseguir. Identificados, os PMs devem ser punidos exemplarmente.

Não é possível tolerar em um país que pretende ser civilizado que servidores pagos para fazer cumprir a lei pratiquem exatamente o oposto da missão que juraram desempenhar. Ao invés de amparar os familiares de Moïse e ajudá-los a esclarecer o episódio bárbaro, os PMs fizeram o possível para proteger os criminosos.

Segundo contou a jornalista Julia Barbon, em reportagem publicada na Folha de S. Paulo, os dois policiais foram filmados no local na noite das agressões, após a chegada do Samu. No dia seguinte, parentes e amigos de Moïse foram até lá para tentar entender o que aconteceu. Estavam fazendo perguntas ao dono e ao funcionário do quiosque Tropicália e a uma mulher de outro quiosque.

Foi quando os policiais surgiram novamente e pediram documentos ao grupo. Questionaram os familiares do rapaz assassinado sobre o que estavam fazendo. “Eu falei para o dono do quiosque. Qualquer informação, vocês têm que dar lá na DH (Delegacia de Homicídios), que está a cargo da investigação”, disse o PM. Um dos amigos explicou: “Ele é nosso irmão, aconteceu ontem, a gente veio tentar entender”.

Quatro dias depois, a dupla de policiais reapareceu em meio ao protesto realizado em frente ao quiosque. Mais uma vez, pediram documentos e perguntaram o que o grupo fazia ali. Um tio de Moïse disse à Folha que se sentiu intimidado.

O governo do Rio de Janeiro se torna cúmplice da pior laia de criminosos se permitir que seus agentes constranjam a mãe, os tios, primos e amigos de Moïse depois de uma tragédia tão marcante.

O procedimento certamente seria muito diferente se a vítima e seus familiares não fossem pretos e pobres. Também não é possível descartar que o comportamento dos dois PMs tenha sido influenciado pelo fato que o dono do quiosque é um colega de farda.

Seja lá qual for o motivo dessa ação mafiosa, o governador Cláudio Castro tem a obrigação de fazer com que os infratores sintam o peso da lei que deveriam ajudar a fazer cumprir. Se não tomar essa atitude nesse caso de repercussão nacional, qual a esperança de que os desvios que ocorrem rotineiramente em ruas da periferia ou becos de favela sejam um dia punidos?

CHICO ALVES ” SITE DO UOL” ( BRASIL)

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