O que há por trás da cena chocante do presidente da República descabelado, sentado de pernas abertas num botequim, comendo frango com as mãos, farofa esparramada pela mesa, no chão e na calça, como se fosse um morador de rua abandonado na periferia de Brasília?
Esta cena grosseira da ignorância orgulhosa, que deveria representar um “homem do povo” tão do gosto dos devotos do “Mito”, foi divulgada pela própria assessoria do presidente na tarde de domingo, e logo depois apagada por alguém mais ajuizado, após a péssima repercussão nas redes sociais, que levou a hashtag #BolsonaroPorco ao topo do Twitter.
O objetivo do vídeo deve ter sido humanizar a figura do presidente, como se isso fosse possível, após levantamento do jornal O Globo revelar o total de gastos nos 29 cartões corporativos da Presidência, desde a posse do capitão, em janeiro de 2019, até dezembro de 2021: R$ 29 milhões e 600 mil.
É muito dinheiro, convenhamos. Quantos pastéis de feira, espetos de gato e franguinhos com farofa um “homem do povo” poderia comer com esse dinheiro? Assim não há mesmo estômago que resista.
Só nas suas últimas férias de verão nas praias do litoral de São Paulo e de Santa Catarina, quando o presidente foi parar no hospital com um camarão entalado, a comitiva presidencial torrou R$ 1,5 milhão em despesas pessoais nos cartões corporativos, segundo o jornal. Pode parecer dinheiro de troco diante dos bilhões das emendas secretas e dos fundos eleitorais, mas daria para pagar o Auxílio Brasil a mais 4 mil famílias.
Ainda bem que a mamata acabou.
RICARDO KOTSCHO ” SITE DO UOL” ( BRASIL)