Um dos erros recorrentes de Lula é a síndrome da falsa normalidade. Por ser visceralmente otimista, nega-se a analisar cenários de crise. Se hoje está tudo normal, para que gastar energia com atos que possam prevenir futuras anormalidades?
Foi assim nas nomeações para o Supremo Tribunal Federal (STF), para a Procuradoria Geral da República, nos pactos com o Centrão.
Mesmo após o “mensalão”, não houve inteligência no PT para analisar o comportamento do STF em caso de stress político. Não houve a menor preocupação em analisar o histórico dos candidatos, suas lealdades, seu caráter – a ponto de indicar um Ministro que se propunha a “matar no peito”, o que desclassificaria o candidato em qualquer teste básico de caráter,
Agora, há o risco de repetir a imprudência na escolha do candidato a vice-presidente.
É óbvia a necessidade de um grande pacto que atraia setores democráticos de outros partidos. E, embora conservador até a medula, partidário de posições de força na segurança pública, defensor de qualquer forma de privatização, as posições pessoais de Geraldo Alckmin não interfeririam nas políticas públicas do lulismo. Enquanto Lula fosse presidente.
E se Lula deixasse de ser presidente? A única análise sobre Alckmin é que ele é leal, não seria golpista como Michel Temer. No entanto, bastaria um pequeno trançapé do destino – uma doença grave, um acidente fatal, um atentado -, tirando Lula do caminho, para o projeto de reconstrução do país sofrer uma guinada de 180 graus.
Há inúmeras maneiras de celebrar o pacto, divisão de poderes dos Ministérios, na máquina pública, compartilhamento de funções e de mérito na reconstrução do país. Mas vice-presidência, definitivamente não! A maior garantia de estabilidade – inclusive para a segurança pessoal de Lula – é saber que seu eventual afastamento não mudará o rumo das políticas implementadas.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)