Peça 1 – o fim do ciclo Bolsonaro

Tudo o que é Bolsonaro se desmancha no ar ou boia no esgoto.

No início, as táticas de sobrevivência da família eram simples como o seu cérebro. Havia um mapeamento eficiente das redes sociais. A cada sinal de enfraquecimento de Bolsonaro providenciava-se um fato novo, uma frase escandalosa para um público acostumado a merda e circo. E, em começo de governo, os estragos ainda não eram sentidos.

A cada jogada repetida, os idiotas da objetividade saudavam: ele parece tosco, mas é um gênio político. Para a formiga, lagartixa é dragão. Saudá-lo como gênio intuitivo era a maneira de justificar a extraodrinária mediocrização institucional do país, o fracasso de todos os poderes, jogando a 7a economia do mundo sob o jugo de um idiota completo.

Agora, o modelo se esgotou. Especialmente porque, a cada dia que passa, surgem mais evidências do enorme apagão administrativo em que o país foi jogado, em um processo amplo de destruição, de inconsequência, de uma irresponsabilidade geral e irrestrita.

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Em queda livre, Bolsonaro precisou administrar as alianças com prebendas mais substanciosas. E aí, se enrola de todas as maneiras, comportando-se como um náufrago no mar, e se agarrando a qualquer galho para se manter à tona.

Tenta cativar a Polícia Federal e cria uma crise monumental com a Receita e o Banco Central. Tenta cativar a classe médica bolsonarista, com mudanças para fortalecer o Conselho Federal de Medicina e para criar uma enorme demanda para a classe – obrigando crianças que irão se vacinar a pagar por uma consulta médica. E consegue jogar seu Ministro da Saúde na relação dos criminosos de guerra – que irão se ver com a justiça brasileira e internacional quando cessar esse pesadelo.

Peça 2 – o fim do ciclo militar

Fica claro, na quadra atual, que o governo Bolsonaro é fundamentalmente um governo militar. Centrão, olavistas e quetais são aliados de ocasião. A verdadeira cara do bolsonarismo são os militares que levou para o Palácio. 

Bolsonaro nunca foi do trabalho. É inimaginável vê-lo tomando decisões administrativas no dia-a-dia ou prestando atenção em qualquer tema de administração pública ou política. A verdadeira gestão de governo é feita pelos militares acantonados no Palácio – generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Eduardo Pazuello. E, em outros tempos, Fernando Azevedo.

São eles que definem os passos de Bolsonaro, alertam quando suas loucuras chegam às raias da ebulição, definem suas alianças políticas e, em tese, as prioridades administrativas.

Os resultados até agora comprovam ser uma das equipes mais canhestras e descompromissadas com o interesse nacional na história da República.

Em relação à ditadura, mantém a mesma insensibilidade sobre educação, políticas sociais e emprego. E, ao contrário da era Geisel, nenhum compromisso em relação a projetos de desenvolvimento.

É de sua responsabilidade direta o esvaziamento do sistema de inovação, do INEP, da CAPES, os atrasos na compra de vacinas e o consequente desastre do combate à pandemia, a crise com a Receita, os conflitos com governadores, o escandaloso orçamento secreto, os problemas ambientais.

Foram literalmente jantados pelas raposas do Centrão, que montaram suas tendas em pleno Palácio do Alvorada. 

Doravante, o militarismo na política só sobreviverá pelos chamados medos ancestrais. É o caso do Ministro Luis Edson Fachin, que inibiu-se com um mero twitter do general Villas Boas e, agora, leva para o Tribunal Superior Eleitoral um general representante do Partido Militar, como anteparo contra eventuais pressões da tropa.

Peça 3 – O tempo de Lula 3

Como tratado no Xadrez do Início da Maior Campanha Popular da História, todos os sinais indicam uma onda avassaladora em direção a Lula, que supera as eventuais discussões sobre vícios e virtudes pessoais do candidato e do partido. 

Afinal, em um momento em que a palavra de ordem é a busca da paz nacional, em torno de uma candidatura competitiva, que político poderia ser recebido nos salões e nos encontros com catadores de lixo, com moradores de rua, com movimentos sociais de todas as naturezas, nos salões internacionais e nos grotões? Esta é a prova do pudim, não simulacros de debates eleitorais entre candidatos indicados exclusivamente pela mídia.

A chamada Terceira Via tem um histórico de mediocridade. Em nenhum momento saiu dos salões, ousou misturar-se a qualquer coisa que cheirasse povo ou intelectualidade. Seu símbolo de status maior é Miami. 

Em 2014 havia diversos movimentos prestes a romper com Dilma Rousseff – LBTGI, educação inclusiva, Universidades, movimento negro. Mas qual a alternativa? Aécio Neves. Ficaram com Dilma.

Lula tornou-se a grande esperança e reside aí o problema. 

Peça 4 – o país de Tico e Teco

Lula assumirá carregando o peso das expectativas gerais da Nação.

Assumiu 2002 com esse peso. Não se tinha um país redondo, como alguns querem fazer crer. Os erros da privatização do setor elétrico, as loucuras cambiais que devastaram a indústria, os erros de Armínio Fraga e Luiz Fernando Figueiredo na condução da política monetária em 2002, a expansão da miséria por todos os quadrantes, tudo isso criou uma transição amarga.

Mas o Estado não estava destruído como agora. Nem a miséria era tão avassaladora.

Além disso, vive-se hoje em dia o período de maiores mudanças da história, desde a primeira revolução industrial. E tem-se um país partido ao meio e sem inteligência formada.

Hoje em dia, nos centros desenvolvidos, a elite intelectual já aponta nas tecnologias exterminadoras de emprego a maior ameaça à humanidade, não apenas por substituírem o trabalho humano, mas por torná-lo irrelevante. Por aqui ainda se trata o fenômeno como “o novo Iluminismo”.

Vamos a alguns exemplos simples, mostrando a incapacidade das instituições de juntarem o teco com o tico.

Teco-Tico 1

  1. A maior fonte de financiamento da Previdência são os encargos da folha de salários.
  2. Aprovada pelo Congresso, Supremo e mídias, a reforma trabalhista precarizou fundamentalmente o emprego e reduziu encargos da folha sem nenhuma espécie de compensação.
  3. Logo, irá comprometer irreversivelmente o financiamento da Previdência Social. 

Ou seja, 1 + 1 = 2.

E não houve um sopro de vida inteligente no Supremo e na mídia, antevendo esse desastre que recairá sobre as futuras gerações.

Teco-Tico 2

  1. A maior fonte de aparelhamento da máquina pública são os cargos comissionados – embora sejam relevantes para funções determinadas e restritas.
  2. A proposta de reforma administrativa aumentaria em dezenas de vezes o comissionamento.
  3. Logo, aumentaria o aparelhamento da máquina.

Ou seja, 1 + 1 = 2.

Por aqui, se saudou unanimemente a reforma, como maneira de conferir ao setor público a agilidade do setor privado e acabar com o aparelhamento.

Por aparelhamento certamente entendiam as funções e regulamentos típicos de Estado que atrapalham os grandes negócios públicos.

Teco-Tico 3

  1. As vinculações orçamentárias se destinam a preservar verbas para áreas essenciais, garantindo um piso de gastos para educação e saúde.
  2. Propõe-se, então, uma reforma orçamentária para dotar o orçamento de maior flexibilidade e. aumentar o atendimento à educação e saúde.
  3. Ou seja, acaba-se com a destinação mínima obrigatória de verbas para educação e saúde para poder aumentar a destinação de verbas para educação e saúde.

E nem se ruborizam.

Como um país em que exercícios lógicos simples não são compreendidos pelo tribunal do Congresso, do Supremo e da mídia, vai entender o cálculo diferencial das profundas transformações que virão pela frente?

Peça 5 – a crise da inteligência brasileira

A tragédia nacional, a razão maior do subdesenvolvimento brasileiro é a crise da inteligência brasileira. E não é por falta de inteligência: é por falta de canais institucionais.

A inteligência brasileira está distribuída em alguns centros universitários, em algumas consultorias, em alguns cérebros brilhantes. Mas os dutos que levam as ideias para os centros de poder estão irreversivelmente embolorados. Não conseguem avançar além dos slogans vazios de mercado. 

Os temas mais relevantes merecem uma ou outra análise, sem destaque. Mas nas manchetes, lides, chamadas principais – em suma, o que condiciona a opinião pública – preponderam palavras mágicas, “reformas”, “privatização”, um liberalismo escandalosamente superficial e com prazo de validade vencido em todos os centros de inteligência mundiais.

Desde a redemocratização, havia dois centros de racionalidade, o PSDB e o PT – cada qual com seus vícios e virtudes. O PSDB se esfarelou quando passou ao comando de José Serra e, depois, de Aécio Neves. E o PT jamais mostrou compreensão sobre os fenômenos da nova era, que já eram nítidos pelo menos desde meados dos anos 2.000.

  • Foi incapaz de perceber as transformações sociais promovidas pela inclusão de milhões de pessoas na classe média. A mudança de classe cria um novo cidadão. Em vez de incluídos agradecidos e mobilizador em torno de temas como solidariedade, projetos de país, surgiram novos cidadãos assimilando todos os vícios de pensamento da velha classe média individualista, crentes que chegaram ao sucesso pela meritocracia, exigentes em relação aos serviços públicos e descontentes com a estagnação da economia. Sem nenhum trabalho de base, viraram presas fáceis para os neopentecostais.
  • Não percebeu o avanço desestabilizador dos algoritmos nem após a espionagem da NSA sobre a presidente da República.
  • Não percebeu os riscos do aprofundamento da financeirização, com a falta de regulação do mercado, e Banco Central e Fazenda atrelados aos interesses imediatos do mercado.
  • No momento em que o mundo já trabalhava a 4a revolução industrial, voltou-se para o modelo antigo dos campeões nacionais – uma excrescência que desestruturou a pecuária e a indústria do couro, criou enormes ressentimentos no meio empresarial e transformou empresas nacionais em campeões globais, sem nenhum ganho estrutural para o país.
  • Com exceção de uma iniciativa isolada de José Genoíno, não cuidou de envolver a alta burocracia pública e militar em projetos de país. Sem projetos e sem saber onde se situar, cada qual resolveu atuar no vácuo-do-meu-pirão-primeiro. O país tornou-se uma enorme ópera bufa, com cada poder lançando seu candidato a estadista, o MPF com Janot, o STF com Barroso, as FFAAs com Villas Boas, o Judiciário com Moro.
  • Descuidou-se totalmente do Poder Judiciário, a ponto de escolher Ministros do STF sem compromisso com bandeiras sociais, atrasar indicações de Ministros do STF, do STJ, dos Tribunais Federais e do próprio Tribunal Superior Eleitoral – mesmo na época em que poderia ter impichado a chapa Dilma-Temer. Só faltou o rei Momo.

Mesmo assim, promoveu diversos avanços institucionais na máquina pública, especialmente nas políticas sociais, incluindo Educação e Saúde. Agiu como um contraponto racional às pirações imediatistas do ultraliberalismo à brasileira mantendo a máquina pública inteira.

Com o impeachment e a entrada de Michel Temer-Eduardo Cunha, todas as pontes de racionalidade implodiram. E as transformações do período anterior, pouco enraizadas na opinião pública, voaram com o vento do golpe.

Peça 6 – as prioridades

Agora, haverá o desafio de reconquistar e reconstruir o país, em meio às turbulências da maior crise das democracias liberais, maior que a dos anos 20.

O grande desafio contemporâneo é o poder corrosivo das novas tecnologias sobre o emprego, as relações sociais e as articulações políticas.

A polarização com a URSS obrigava o Ocidente a se cercar de algumas preocupações com o Estado Social e com a regulação, como forma de coibir abusos do poder econômico.

O fim da União Soviética marcou o apogeu do chamado homem liberal, a ideia de que o mercado seria capaz de substituir o Estado em todas as atividades. O homus liberal avançou em todas as frentes, levando a um individualismo exacerbado. Sem a ex-URSS, o fantasma do comunismo foi substituído pelo da regulação. A lógica é de que toda forma de regulação impediria o funcionamento adequado do mercado. A partir daí, o ultraliberalismo encontra sua melhor forma de expressão política, a ultradireita,

A única métrica de desempenho das empresas passou a ser o valor das suas ações no mercado. Em cima dessa lógica houve um processo de privatização selvagem de empresas públicas, substituindo monopólios públicos por monopólios privados em setores estratégicos. E o mercado passou a se apropriar de todas as instâncias de regulação, como o CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico), OAB-RJ Central, os órgãos de controle.

O desafio maior de Lula 3 não será apenas o da reestatização das estatais estratégicas , mas o aprofundamento da democracia em todas as instâncias, trazendo a sociedade organizada para o centro das políticas públicas e criando ferramentas de organização da sociedade desorganizada.

Em todos os casos, as ideias-força são:

  • Geração de emprego e renda.
  • Programas com visão sistêmica.
  • Corrente de colaboração / solidariedade
  • Prestação de contas.

Peça 7 – os programas prioritários

Já existe uma bela soma de experiências bem sucedidas que tiveram continuidade, experiências bem sucedidas sem continuidade, e ideias-chave para os novos tempos.

Ação federativa e pactos nacionais

O modelo campeão, o das Conferências Nacionais, consiste em montar estruturas estaduais e municipais sincronizadas com as estruturas federais setoriais. 

  • A partir da base, as Conferências Municipais definem prioridades que recebem uma primeira padronização nas conferências estaduais até serem uniformizadas nas nacionais, dando consistência e articulação aos programas federais.
  • O fortalecimento dos conselhos de secretários municipais e estaduais dos diversos setores da administração e das agências estaduais.

Agricultura familiar

  • Os programas de agricultura familiar casados com compras públicas.
  • O programa de bioetanol com agricultura familiar, ensaiado antes da descoberta do pré-Sal, e administrado pela Petrobras.
  • Aceleração da reforma agrária com apoio tecnológico da Embrapa, valendo-se da estrutura e do know how desenvolvido pelo Movimento dos Sem Terra.

Pequena e micro empresa

  • Rearticulação das ações de aprimoramento das PMEs através da parceria Sebrae-Federações de Indústria.
  • Reativação da lei que concede prioridade às PMEs em até 35% das compras públicas, mantidas igualdade de qualidade com as maiores.
  • Remontagem do Prominp.
  • Remontagem do MEI (Movimento Empresarial pela Inovação) artravés do qual grandes corporações “adotavam” PMEs e incutiam princípios de gestão pela qualidade e inovação.

Federações empresariais

  • Articulação da Finep-Fundações de Amparo à Pesquisa para financiar a inovação.
  • Remontagem das parcerias com Confederações empresariais, tipo a que foi criada e não lançada no âmbito da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial).
  • Fortalecimento dos programas de parceria CNI-Universidades federais, para pesquisa e desenvolvimento.

Políticas industriais

  • Reativação e ampliação do Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que permitiu lançar as bases de uma nova indústria da saúde no país.
  • Montagem de programas de mobilidade visando estimular soluções de baixo carbono para o transporte nas cidades.

Em suma, o desafio será montar a grande orquestração, o trabalho colaborativo e democrático em todas as frentes. E Lula, com seu poder de comunicação, ser o arranjador e o maestro condutor.

As redes sociais, que até agora serviram para propósitos deletérios, serão o canal através do qual Lula poderá comandar a grande orquestra brasileira, com conjuntos espalhados por todos os lados, no trabalho de juntar pessoas e setores em busca de soluções conjuntas.

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João Ferreira Bastos

– 2021-12-30 15:06:27

Algumas ações se fazem urgentes e prioritárias 1. Chega de conciliação. Cadeia para os traidores da Pátria 2. Reestatização de todos os ativos privatizados e/ou vendidos no escurinho do cinema. 3. Moratória de 4 anos no pagamento da divida

Mara Fonseca Gois

– 2021-12-30 13:01:53

O

Antonio Uchoa Neto

– 2021-12-30 09:14:00

“O grande desafio contemporâneo é o poder corrosivo das novas tecnologias sobre o emprego, as relações sociais e as articulações políticas.” Quanto às relações sociais e as articulações políticas: as novas tecnologias não propõem desafios a essas categorias, Nassif: elas as cooptam e transformam, não estruturalmente, mas superficialmente; e através dessas transformações na superfície, subliminarmente as transformam, mas somente naquilo em que atendem ou podem afetar seus interesses. Em outras palavras, operam reformas, e não revoluções, nesses setores. Creio que não é necessários dar exemplos – as redes sociais, as compras virtuais, o lazer ao alcance de um toque na tela, todo tipo de interação virtual, dentre outros, são autoexplicativos. O mesmo não se pode dizer do trabalho. Creio que uma parcela majoritária do homem comum ainda acredita que a tecnologia veio para ajudar o homem, em seu trabalho, e não eliminá-lo. Em todos os níveis. Quando Marx pontuou que a evolução da técnica – creio que não se usava a palavra ‘tecnologia’, então – caminhava no sentido de reduzir drasticamente o tempo e o espaço necessário para a produção de bens, ele pensava na máquina a vapor, no arado mecânico, dentre outras coisas. E já deixava claro que a consequência dessa redução drástica só poderia ser a supressão do ser humano do processo. O que ele não diria da evolução da ‘técnica’, hoje? Não sou nenhum Rousseau, e não quero que nenhum Voltaire engraçadinho me sugira voltar à era do arco e flecha, ou da foice e do martelo, se, além de engraçadinho, tiver uma queda por ironias. Mas creio que esse é um problema que precisa ser enfrentado o quanto antes. A única forma de inserir, com dignidade e decência, a grande maioria da humanidade – pobres e sem outro recurso para sobreviver senão vender sua força de trabalho – na sociedade é o trabalho. Ainda. Como fazer isso, se a cada dia que passa as novas tecnologias vão eliminando, como na teoria do dominó, mais e mais postos de trabalho? Há não muito tempo, li uma reportagem sobre um adesivo que avaliaria a glicose no sangue, e, através de microagulhas, injetaria insulina em seus usuários. Que mal pode haver nisso? pelo contrário, é algo extraordinário! Poupa a milhares e milhares de pessoas o incômodo de testar a própria glicose, e pior, ter de injetar-se a insulina através de uma seringa. Mas, paremos para pensar um pouco: qual o impacto disso sobre, digamos, pequenas indústrias metalúrgicas – que fabricam, dentre outras coisas, as seringas – pequenas indústrias plásticas, que fabricam os componentes plásticos das seringas, pequenas oficinas de serigrafia, que imprimem as medidas sobre o corpo da seringa, os êmbolos, etc.? Essas pequenas indústrias terão que descontinuar suas linhas de montagem ou fabricação. Ou seja, cortar pessoal. Idem seus fornecedores, de plástico, de alumínio, o diabo. Ou seja, mais cortes de pessoal. Onde isso vai parar? A grande mídia, é claro, tem a solução: é preciso reciclar-se, reinventar-se. Como se apenas um, ou alguns, dois ou três, ramos do trabalho humano estivesse sob tal ameaça; amigos, todos estão. E os que ainda não estejam, em breve estarão. Será que esses milhões de neo-inúteis se transformarão em doceiros, entregadores por delivery? A humanidade ainda morrerá de indigestão, de tanto comer brigadeiro e torta. E os entregadores, até quando terão o que entregar? Todo trabalho é digno. E sempre necessário; pelo menos, assim pensávamos, até pouco tempo. E quando ele tornar-se desnecessário, toda dignidade estará interditada àqueles que só tem a ele, para sobreviver. Da promessa de dignidade à realidade da indigência, o percurso nunca foi tão curto. E já estamos na metade do caminho. Por enquanto, procuramos fazer uns cobres com vídeos engraçadinhos no tiktok, é o que tem. Alguns parecem pedidos de socorro. Para isso servem as redes sociais: para nos anestesiar com a nossa própria estupidez, e faturar com isso. Como dizia o vietnamita anônimo, em “Corações e Mentes”: – Primeiro jogam bombas, depois vem filmar. Likes e compartilhamentos, vídeos engraçadinhos e fake news, eis a generosa contribuição das redes sociais à humanidade. De Lula e sua mensagem, eles querem distância. Quero trabalhar, mas trabalho não há mais. E agora, José?

Milton Murilo Barbosa

– 2021-12-30 07:44:46

Certamente o JornalGGN é um dos poucos canais propostivos na mídia nacional. O acima exposto sugere caminhos para um grande salto à frente. Nas grandes crises está a oportunidade de avanços. Lula tem condições de liderar essa caminhada mas a dúvida é: terá um conjunto de cérebros e atuações para a tarefa ? O Congresso dominado por um grupo imediatista e abusivo, STF sem dinamismo algum e demais instituições aparelhadas e conformadas pela mídia “da hora”. Os 15 segundos de glória. De outro lado o povão embrutecido, a classe média desarvorada e o barões viciados nas tetas do governo.

Shane

– 2021-12-29 23:21:49

Gostaria de compreender por quê o Nassif é tão otimista. Deve ser seu lado economista, moldado por décadas de jornalismo especializado. Já vemos sinais de necropolitica e idiocracia avançados neste séc. XXI. Por pouco não vimos o mundo explodir no Oriente Médio. Se Deus nos abandonar, estamos perdidos…

– 2021-12-29 22:35:02

Prezado Nassif, Neste post de 2016, publicado aqui neste espaço, parte essencial desta trama encontra-se neste esboço. ver a íntegra… https://jornalggn.com.br/editoria/justica/lava-jato-e-a-delacao-de-youssef-no-caso-banestado-por-sergio-medeiros/

SergioMedeirosR

– 2021-12-29 22:32:21

LAVA JATO E A DELAÇÃO DE YOUSSEF NO CASO BANESTADO, 15.03.2016 Por Sergio Medeiros Basta uma simples olhada no processo para verificar que o doleiro Alberto Youssef fez sua delação premiada no caso BANESTADO, em 2003, sendo que somente em 2014 é que esta foi reaberta, ou seja, foi DESCOBERTO que ele havia recomeçado suas atividades como doleiro, somente AGORA, dez anos depois. Não esqueçam, Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada, foram demitidos da Petrobrás, pela Presidente Dilma (antes da Lava-Jato) em 12 de abril de 2012. https://petronoticias.com.br/petrobras-anuncia-demissao-de-tres-diretores-da-empresa/ E, ressalte-se, Youssef não era um réu comum, “sua fraude” envolvia valores elevadíssimos, quase um bilhão de dólares, vide contas somente em 1997 e 1998, como consta na sentença proferida no processo 5035707-53.2014.404.7000: “19. A investigação também revelou que Alberto Youssef enviava boa parte do numerário para duas contas no exterior abertas na agência do Banco do Estado do Paraná em nome das off-shores Ranby International Corp. e June International Corp., com movimentação entre 1997 a 1998, a primeira de cerca USD 163.006.274,03 e a segunda de USD 668.592.605,05.” Convenhamos, um réu condenado e com delação em vigência, demorou 10 anos para que se descobrisse algo que até o reino mineral já sabia, que Alberto Youssef já era o maior doleiro em atividade no país. E isto, em uma Vara Especializada em Fraudes e Lavagem de Capitais, sendo que suas atividades tinham como centro, a cidade de Curitiba, no Paraná, sede da referida Vara. Então, a Justiça, o Ministério Público Federal e a Policia Federal, em todos esses 10 anos, nada desconfiaram ou souberam??? Pelo menos tal indagação deveria servir para que se saiba que não é tão fácil assim, investigar indiciar denunciar e processar alguém, nem mesmo Alberto Youssef, – em plena vigência da delação premiada anterior. Se não é fácil, nem foi factível, para a Justiça, o Ministério Público e a Policia Federal, que são quem ao fim e ao cabo, detém os poderes necessários para tanto, o que dizer dos demais integrantes do poder público que não estão diretamente ligados a tais funções. Nestas perguntas deve estar a resposta para as indagações com que nos bombardeiam incessantemente, óbvio, quando os envolvidos são do PT. Sempre surge um dizendo. – Há …não sabiam nada??? Ainda que o Cartel seja de Empreiteiras e Executivos de Carreira da Petrobrás… E agora se sabe, de políticos de vários partidos, PSDB, PPS, DEM, PMDB, sendo 32 de um só…e que não é o PT e que inclusive tem muitos que fazem oposição ferrenha. Em outros termos, muito mais que mera politica, era corrupção pura e simples, “apenas” receber dinheiro, sem vinculações com votar com o Governo. Veja o exemplo dos investigados, deputados do PP-RS – Seis – e todos com ódio do Partido dos Trabalhadores, e do Governo. Segue transcrição, de parte da sentença, onde numa breve biografia delitiva, é mencionado que a corrupção praticada por Youssef, quase atingia a casa do, repito, Bilhão de dólares!!!!! Isso em 1997/1998. “15. Para compreender as questões colocadas, oportuno aqui breve histórico de Alberto Youssef. 16. Alberto Youssef foi um dos principais doleiros envolvidos no assim denominado ”Caso Banestado’, com evasão fraudulenta milionária de divisas por contas CC5 na praça de Foz do Iguaçu na década de 90. 17. Naquela investigação, foi revelado que Alberto Youssef controlava diversas contas bancárias no Brasil em nome de pessoas interpostas e que eram utilizadas para alimentar contas CC5. 18. Uma das principais delas era a conta em nome da empresa Proserv Assessoria Empresarial S/C Ltda., em cujo quadro social figuravam pessoas interpostas, subordinados de Alberto Youssef Referida conta, para se ter uma idéia da dimensão das atividades de Alberto Youssef, foi utilizada para depositar cerca de R$ 172.964.954,00 em contas CC5. 19. A investigação também revelou que Alberto Youssef enviava boa parte do numerário para duas contas no exterior abertas na agência do Banco do Estado do Paraná em nome das off-shores Ranby International Corp. e June International Corp., com movimentação entre 1997 a 1998, a primeira de cerca USD 163.006.274,03 e a segunda de USD 668.592.605,05. 20. Com as contas no Brasil e as contas no exterior, Alberto Youssef operava no mercado de câmbio negro através das denominadas operações dólar cabo. 21. Por suas atividades criminais, este Juízo, a pedido do MPF, decretou na época a prisão preventiva de Alberto Youssef (2003.7000056661-8), sendo a medida mantida pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Oportuno recordar que, quando da efetivação da prisão, foi encontrado na posse de Alberto Youssef um cheque bancário nominal de R$ 150.000,00 ao ex-deputado federal falecido José Janene. 22. Esses fatos foram admitidos por Alberto Youssef, em confissões em Juízo, já que culminou por celebrar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual do Paraná. 23. Por força do acordo, revelou seu envolvimento em diversos crimes de lavagem de dinheiro, inclusive de recursos subtraídos da Administração Pública (processo 2004.7000002414-0, cópia do acordo no evento 30). 24. Em decorrência da colaboração, recebeu benefícios legais, acordados com o Ministério Público Federal, tendo sido condenado, com trânsito em julgado e em 24/06/2004, na ação penal 2004.7000006806-4, a sete anos de reclusão em regime semi-aberto e multa de cerca de novecentos mil reais (cópia da sentença no evento 29, out3). Na ocasião, foi condenado pelos crimes do artigo 1.º da Lei n.º 8.137/90, em continuidade delitiva, do artigo 21 e 22, parte final do parágrafo único, da Lei n.º 7.492/86, em continuidade delitiva, e ainda do artigo 288 do CP. As penas foram integralmente cumpridas. Na prática, porém, o acusado permaneceu cerca de um ano preso, progredindo em seguida para o regime aberto. Os crimes que foram objeto daquele feito não se confundem com o presente. 25. O acordo também gerou a suspensão do trâmite de inquéritos e ações penais pelas quais Alberto Youssef então respondia. 26. A presente ação penal, abrangendo crime de corrupção ativa para obtenção de empréstimo fraudulento no exterior, é uma delas. 27. Condição necessária da manutenção do acordo consistia no afastamento de Alberto Youssef da prática de novos crimes, inclusive do mercado de câmbio negro. 28. Entretanto, em decorrência dos fatos revelados pela assim denominada Operação LavaJato, o acordo foi, a pedido do MPF, declarado quebrado por este Juízo (decisão de 06/05/2014 no processo 2004.7000002414-0, evento 29, out9), voltando este feito a tramitar. 29. Sobre os fatos verificados na Operação Lavajato, o relato constante na decisão judicial de 24/02/2014 deste Juízo no processo 5001446-62.2014.404.7000 (cópia no evento 29, out5) é suficiente neste feito. Em síntese, na assim denominada Operação Lavajato, foram colhidas provas, em cognição sumária, de que o ora acusado dedicar-se-ia habitual e profissionalmente à lavagem de dinheiro e igualmente à corrupção de agentes públicos, entre eles parlamentares federais, estes com processos já desmembrados no Supremo Tribunal Federal.” (Processo nº 5035707-53.2014.404.7000).MAIS LIDOSMAIS COMENTADOS

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